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Agrotec

Trichoderma, um aliado da agricultura sustentável: muito mais que um agente de controlo biológico

Por: João Prada1,2,3,4, Conceição Santos1,2, Leandro Pereira-Dias1,2,5

1 iB2, Departamento de Biologia,Faculdade de Ciências, Universidade do Porto

2 LAQV-REQUIMTE, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto

3 CITAB, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

4 Fundação Côa Parque

5 COMAV, Universitat Politècnica de València

RESUMO

A Comissão Europeia recomendou, no Pacto Ecológico Europeu, um conjunto de medidas que visam reduzir em 50% o uso de agroquímicos sintéticos até 2030. Estas medidas estimulam o recurso a técnicas verdes de controlo, que terão de assumir um papel fundamental na mitigação das ameaças às culturas. Isolados do género Trichoderma são frequentemente incorporados em formulações biofungicidas, biofertilizantes e condicionadoras de solo. Este artigo resume vários trabalhos onde se verificou empiricamente o papel que este agente de controlo pode assumir na proteção e promoção das culturas agrícolas. As espécies de Trichoderma foram capazes de apresentar mecanismos antagónicos sobre um vasto leque de patógenos, além de serem capazes de induzir as defesas das plantas, interagir positivamente com a comunidade de microorganismos do solo (microbioma do solo), solubilizar nutrientes para as raízes e remediar o solo de alguns contaminantes. Em suma, a ação destes microrganismos tem impacto direto no aumento do rendimento das culturas e da qualidade dos seus produtos.

INTRODUÇÃO

Os sistemas agrários são constantemente ameaçados por uma legião de pragas e doenças, levando a perdas significativas de produtividade, e de qualidade dos produtos. Estima-se que este paradigma venha a aumentar devido às alterações climáticas (Raza et al., 2019). Tal cenário pode traduzir-se numa catástrofe, caso não sejam tomadas medidas que assegurem a segurança alimentar.

Atualmente, os sistemas agrários fazem frente a pragas e doenças através da aplicação de agroquímicos (Brauer et al., 2019). Além dos elevados custos associados, esta prática tem consequências devastadoras para o ambiente, e para a saúde humana e animal. Mais, o uso dos agroquímicos tem levado a um crescente desenvolvimento de resistência nos patógenos, tornando muitos princípios ativos ineficazes (Brauer et al., 2019; Massi et al., 2021). Este fenómeno tem sido observado, por exemplo, em Pseudomonas syringae pv. actinidiae, o agente causal do cancro bacteriano do kiwi, que desenvolveu resistência ao sulfato de cobre e à estreptomicina (Cameron & Sarojini, 2014).

Estes problemas levaram as organizações públicas a desenvolver um plano estratégico para a próxima década. A Comissão Europeia (CE) instaurou o Pacto Ecológico Europeu, um conjunto de medidas que visa tornar os sistemas agroalimentares mais sustentáveis (Comissão Europeia, 2020). Nesse sentido, a CE aponta a que 25% da área cultivável europeia seja dedicada ao cultivo ecológico, e que o uso de agroquímicos sintéticos seja reduzido em 50% até 2030 (CE, 2020). Isto supõe que as técnicas verdes de controlo terão um papel fundamental no cumprimento destas metas (Rahman et al., 2018). Nomeadamente, espera-se que os métodos de produção integrada, entre os quais o controlo biológico, assumam um papel preponderante.

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 48 da Revista AGROTEC.

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