Procura de terra esgota oferta das autarquias na região de Aveiro
A procura de terrenos para cultivo, a título gratuito, sobretudo por jovens, está a exceder a oferta das autarquias, que avançaram com bolsas de terras ou hortas comunitárias com o objetivo de dar utilidade a terrenos subaproveitados.
Estarreja, que estabeleceu em 2012 as primeiras 10 hortas comunitárias no centro urbano, junto ao Quartel de Bombeiros, rapidamente triplicou os lotes ocupados e já em janeiro atribuiu mais 6.
“A adesão tem aumentado e hoje são cultivados 44 lotes. Em janeiro deste ano atribuímos mais 6″, descreve Rosa Simão, vereadora da Câmara de Estarreja.
Em Sever do Vouga, onde a oferta de terrenos tem em vista sobretudo a produção de mirtilo, a Câmara está a negociar com as juntas de freguesia e as comissões de baldios, porque o projeto esgotou os terrenos disponíveis e cada vez são mais os interessados.
Em Águeda, o projeto que começou em 2012 com 22 talhões, junto à Biblioteca Municipal, tem atualmente mais de 90 pessoas em lista de espera para que lhes seja atribuído terreno.
“Temos o projeto de colocar hortas noutros pontos do concelho, que estão a ser estudados para responder a essa procura, a que não conseguimos dar resposta”, adianta Daniela Herculano, técnica da Câmara de Águeda.
Novo perfil dos interessados
O perfil dos interessados também está a sofrer alterações, constatadas quer no município de Estarreja quer no de Águeda.
Já não são só famílias carenciadas ou de baixos recursos a querer plantar alguma coisa ao pé de casa para compor o orçamento familiar, nem tão pouco se trata do regresso à terra de pessoas criadas no campo, que a vida levou a empregarem-se na indústria e no comércio, na cintura das cidades e que matam saudades da enxada na reforma, chegando agora às autarquias cada vez mais pedidos de gente que trabalha no setor terciário ou que tem formação superior.
Para alguns, a atividade ao ar livre, ainda com o benefício de colher o que se semeou, ajuda a quebrar o ritmo apressado do quotidiano, a afastar as preocupações, a combater o “stress”, a aprender na simplicidade do campo saberes ancestrais que a faculdade não ensinou.
Há outros que depositam na parcela de terreno camarário a confiança numa alimentação saudável, para colherem legumes e frutas de cultura biológica. “Querem saber o que estão a comer”, observa Daniela Herculano.
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