Otimização da produção de propólis: utilização de grades com poros de menores dimensões
Texto por: Ana Sofia Freitas1, 2, Amadeu Fortunas3, Rui Oliveira2, 4, Cristina Almeida-Aguiar2, 4
1 CITAB – Centro de Investigação e Tecnologias Agro-Ambientais, Universidade do Minho
2 Departamento de Biologia, Escola de Ciências, Universidade do Minho
3 Casa do Couto
4 CBMA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental, Universidade do Minho
RESUMO
O mel e o própolis, os produtos da colmeia mais populares, são comercializados em diferentes partes do mundo e reconhecidos como importantes fontes de compostos bioativos com propriedades para diversas aplicações. Contudo, a produção de própolis é limitada e ainda negligenciada pela maioria dos apicultores, sendo este produto frequentemente descartado. Assim, é importante destacar o valor do própolis como fonte de rendimento adicional no setor apícola e, ao mesmo tempo, desenvolver metodologias para otimizar a sua produção.
Neste trabalho, a produção de própolis foi analisada ao longo de três anos consecutivos (2017-2019) através da colocação de grades com poros de diferentes dimensões (0,63 mm, 1,8 mm e 2,8 mm), bem como a comumente utilizada pelo apicultor (3 mm), nas colmeias de um apiário localizado no Gerês. A produção de própolis foi maior nas grades com poros de menores dimensões, sem afetar a produção de mel. Os resultados sugerem que o desenvolvimento de grades/ redes com poros de dimensões reduzidas pode auxiliar a otimização da produção de própolis e assim contribuir para a valorização deste produto das abelhas.
INTRODUÇÃO
A apicultura é a atividade que visa prolongar, sustentar e manter a saúde das colónias de abelhas pelo apicultor, que beneficia da apicultura ao usufruir dos produtos das abelhas (Pranskuniene et al., 2016; Pasupuleti et al., 2017). Nos últimos anos, os apicultores perderam mais de um terço das suas colmeias, principalmente devido à exposição a produtos químicos usados para combater agentes patogénicos e parasitas, como o conhecido parasita Varroa destructor e o fungo Nosema ceranae (Bordin et al., 2022). A má nutrição e a perda de habitat, ou uma combinação de vários fatores, também contribuem para o declínio da população de abelhas (Johnson et al., 2010; Mullin et al., 2010; Sanchez-Bayo e Goka, 2014), colocando em risco a produtividade agrícola (Misiewicz et al., 2015) e a manutenção dos ecossistemas terrestres.
Alguns estudos mostraram que os terrenos onde é praticada a agricultura biológica fornecem mais suporte aos polinizadores do que os convencionais (Kremen et al., 2002; Andersson et al., 2014; Kehinde e Samways, 2014), pois a proibição da utilização de substâncias tóxicas para os insetos promove a sua saúde e conservação, o que por sua vez promove a existência de uma maior diversidade da flora (Misiewicz et al., 2015). A apicultura em modo de produção biológico favorece uma prática agrícola sustentável, produtos de alta qualidade e promove a saúde humana e o bem-estar animal, restringindo fortemente o uso de produtos externos, especialmente produtos químicos sintéticos.
Nota de Redação:
Artigo publicado na edição n.º 45 da Revista AGROTEC.
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