A produção nacional de cereais
A Nutriprado promoveu uma nova conversa com uma personalidade do setor, José Palha, presidente da Associação Nacional De Produtores De Cereais (ANPOC). O Engenheiro Vasco Abreu representou a Nutriprado.
José Palha começou por realizar um ponto de situação sobre o trabalho recente da ANPOC. «De facto, a área dos cereais atingiu este ano, e outra vez, um recorde mínimo. De facto, isto é algo que se tem agravado desde 2012, quando a PAC entrou em vigor», começou por apontar, afirmando que existiam uma «série de factores que fizeram com que a cultura dos cereais fosse menos apeticível». Tudo isto aliado às «fracas produções», «solos difíceis» e «clima mediterrâneo inconstante», provocou a queda dos cereais em Portugal.
«A ANPOC, há cerca de seis anos, produziu a LVR, um projeto feito com todas as casas de sementes, a indústria e a investigação», explicou, destacando os dois ensaios que estão a decorrer, em Elvas e e Beja e a LVR lançada em 2020. «Todas as variedades que as empresas querem fornecer para o ano seguinte, são tratados nestes ensaios e com o mesmo protocolo», afirmou.
«No final, feita a colheita, são analisados os parâmetros agronómicos e de qualidade», destacando que a indústria analisa as características industrias dos trigos duros e dos trigos moles. «Se uma variedade é muito produtivo, mas não tem qualidade industrial, essa variedade não entra na LVR (...) O nosso objetivo passa por apostar as nossas fichas todas na qualidade. Com isto, conseguimos maiores lotes homogéneos, que é exatamente isso que a indústria pretende».
«Acreditamos que tem sido um trabalho que tem corrido muito bem e estamos empenhados para valorizar, de facto, a produção nacional», concluiu sobre a iniciativa.
A aposta da ANPOC tem passado pela formação, nomeadamente no apoio aos produtores para que estes «sejam mais eficientes, produzam mais com menos e pensem na sustentabilidade ambiental e económica». Segundo o presidente, a tecnologia é uma das grandes perspetivas para o setor. Como tal, a entidade tem o objetivo de que esta seja mais acessível, para que «todos os agricultores a utilizem».
Quando questionado sobre onde se encontra o setor e quais as perspetivas para o futuro, José Palha destacou que «em 2018, e pela mão do anterior ministro, foi criado um grupo de trabalho para criar a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção dos Cereais. Neste momento, nos cereais de qualidade do trigo mole panificável e trigo duro para massas alimentícias, Portugal importa cerca de 93% das suas necessidades, o que quer dizer que estamos completamente expostos ao nível do mercado».
«Paralelamente a isto, existe uma percentagem da nossa superfície agrícola útil que não tem alternativas aos cereais, ou são os cereais, ou as pastagens pobres ou o abandono», explica. «Por isso, ou o país empenha para que existam condições para os agricultores lá produzirem, aumentando o rendimento dos agricultores, ou não manteremos a coesão territorial».
José Palha assume que existem muitos constrangimentos burocráticos para que o objetivo da estratégia se cumprisse. «O objetivo do documento criada passava por passarmos para uma autossuficiência de 25% nos cereais», afirma. «Apesar de acharmos que pode haver um aumento da área, nunca poderá ser por essa que vamos atingir o nosso objetivo, mas sim pela produtividade. A produtividade consegue-se com eficiência, know-how e tecnologia», afirma, acrescentando que também deve ocorrer uma valorização dos produtos nacionais, algo em que a ANPOC tem apostado em demonstrar aos consumidores.
Pode encontrar a reunião com José Palha completo na página do Facebook da Revista Agrotec. Pode ainda encontrar os artigos sobre a reunião com José Manuel Abreu, empresário agrícola e membro ativo da SPPF, e a reunião com Paula Carvalho, sub-diretora geral da DGAV, e a reunião com Gabriela Cruz, da APSOLO. Pode aceder às reuniões anteriores, com o Engenheiro Francisco Abreu e o Engenheiro Benvindo Maçãs, no canal de youtube da Nutriprado.
A Nutriprado é uma empresa pioneira no apoio especializado para a instalação de prados. O seu objetivo passa por dar, na medida do possível, elementos de esclarecimento para que os agricultores possam escolher da melhor maneira as suas variedades.