SNAA emite Aviso Agrícola sobre doenças do lenho
As doenças do lenho são, atualmente, uma grave ameaça à produção estável e duradoura da vitivinicultura, a nível mundial. O Serviço Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA) publicou a Circular nº 19 de 2021, emitida pela Estação de Avisos de Entre Douro e Minho, com informação relevante sobre doenças do lenho.

As doenças atingem as plantas-mãe de porta-enxertos, os viveiros vitícolas, as videiras jovens e adultas em início de produção ou em produção. Comprometem o sucesso de novas plantações de vinha, diminuem a longevidade e o rendimento das vinhas, bem como a qualidade das uvas, dos mostos e dos vinhos. De um modo geral, depois de instaladas, não têm tratamento e impõem-se, por isso, medidas preventivas cuidadosas e persistentes, desde o início, para impedir a infeção e desenvolvimento de doenças do lenho (DL) na vinha.
Medidas preventivas na plantação de vinhas novas
1) Preparação cuidadosa do terreno, mobilizando-o em profundidade;
2) Adubação de fundo e incorporação de matéria orgânica baseadas nos resultados da análise prévia do solo;
3) Utilizar porta-enxertos e garfos ou enxertos-prontos de proveniência segura, isentos de DL;
4) Plantar a nova vinha durante o inverno, o mais tardar até fevereiro. Desaconselha-se totalmente a plantação tardia, além deste período;
5) Quando se utiliza broca, deve haver o cuidado de picar a terra das paredes da cova de plantação, de forma a permitir que as raízes da videira se possam desenvolver livremente;
6) Não danifique nem corte as raízes das jovens videiras. Espalhe bem as raízes, no fundo da cova de plantação;
7) Antes da plantação, inocule as raízes das videiras com produtos à base de Trichoderma;
8) Evite os fatores de stress para as plantas, como por exemplo, a compactação do solo e a má drenagem;
9) Evite altas densidades das plantas, sobretudo nas zonas baixas e mais férteis para reduzir a pressão das DL na vinha;
10) Vinhas expostas a sul, em cotas mais altas, com menor humidade, resultam num melhor desenvolvimento, videiras mais saudáveis e prevenção das DL;
11) Não forçar as videiras a grandes produções muito cedo, sem que o seu sistema radicular esteja bem desenvolvido.
Medidas preventivas na poda
1) Reduzir os cortes extensos. Não faça cortes rente ao tronco.;
2) Podar em tempo seco e sem vento;
3) Podar em duas etapas: pré-poda mecânica e poda de condução, mais tarde;
4) Desinfetar as feridas de poda, por pulverização ou por pincelagem, com um fungicida homologado à base de Trichoderma, que impede a penetração dos fungos da esca e de outras DL na planta.
Regeneração de videiras / Renovação do tronco
Pode-se experimentar a regeneração das videiras, pela renovação do tronco, sobretudo das que mostrem os primeiros sintomas de esca e outras DL.
Na regeneração da videira doente com DL, procura-se substituir o tronco infetado por um novo, saudável, desenvolvido a partir de um “ladrão” nascido na base do tronco infetado, que esteja sã. Quando não se dispuser de uma vara ladrão nascida espontaneamente, pode-se estimular a sua rebentação, por incisão anelar acima de um gomo dormente do tronco (um pequeno corte com 2 mm de profundidade) .
Renovação do tronco: como proceder
1) Cortar o tronco pela parte sã, sem nenhum sintoma de esca;
2) Escolher uma boa vara, abaixo deste corte, para formar o novo tronco. Quando o corte for feito na base do tronco, ter cuidado para não escolher uma vara do portaenxerto, em vez da vara da casta europeia;
3) Podar a vara nova como se fosse uma videira nova (poda de formação);
4) Amparar a vara nova (futuro tronco), com uma cana ou estaca;
5) Amparar a vara nova (futuro tronco), com uma cana ou com uma estaca de madeira tratada.
Outra opção de regeneração / reconstituição das videiras, sobretudo das que estiverem menos atacadas por doenças do lenho e sejam mais novas, é a reenxertia. Para isso, é necessário cortar a videira pelo porta-enxerto, abaixo do anterior ponto de enxertia. A reenxertia apenas deve ser feita, se o porta-enxerto não apresentar sintomas de DL.Para maior garantia do êxito da reenxertia, deve verificar, sempre que possível, se a casta a enxertar é compatível com o porta-enxerto já instalado, (da videira a reenxertar). Deve fazer uma enxertia perfeita, isolando cuidadosamente o ponto de enxertia, com isolcoat ou cera de abelhas.
As duas formas de regeneração de videiras atacadas por DL, atrás descritas, permitem beneficiar de um sistema radicular já desenvolvido, garantindo a sobrevivência da planta regenerada/ reenxertada e a sua reentrada em produção mais rápida.
Leia mais informações sobre doenças do lenho aqui.
Esta circular, bem como edições anteriores, pode também ser consultada e descarregadaaqui.
Fonte: Estação de Avisos Agrícolas do Entre Douro e Minho