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Agrotec

Produção de azeite reduz devido a mau tempo mas exportações aumentam

Não apenas em Portugal mas também em Espanha a falta de chuva impediu o olival de dar mais frutos, com os preços do azeite a aumentarem 50 por cento.

A produção nacional de azeite caiu oito por cento na última campanha, em comparação com o ano passado, atingindo as 70.331 toneladas. Mesmo assim, as exportações aumentaram em valor e volume em 2012.

A queda de produção interrompe um ciclo de crescimento consecutivo desde 2007, mas não foi tão severa como inicialmente previsto. No final do ano passado, as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontavam para uma produção de 58 mil toneladas, menos 23,5 por cento, mas os dados mais recentes do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura avançam com números mais optimistas e «mais em linha» com as previsões da Casa do Azeite, Associação do Azeite de Portugal.

«Pensamos que os valores finais serão ainda um pouco superiores, o que significa que a expressiva quebra na produção de azeitona nos olivais tradicionais acabou por ser quase totalmente compensada pelo aumento da produção nos novos olivais, essencialmente no Alentejo. Apesar de poder haver uma quebra na produção, na ordem dos seis ou sete por cento, ou mesmo menos», diz Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, que representa 95 por cento de todo o azeite de marca embalado em Portugal.

A falta de chuva não deixou o olival dar mais frutos entre Outubro e Fevereiro, os meses em que decorre a apanha da azeitona. Nos olivais tradicionais, que representam a larga maioria do olival português, as condições de seca e ventos fortes condicionaram a floração e o “vingamento” das azeitonas, já nos olivais modernos, os sistemas de rega conseguiram reduzir os efeitos nefastos das ondas de calor nos meses de Verão.

Nas exportações, contudo, o sector continua a mostrar bons resultados. Mariana Matos cita os dados mais recentes do Eurostat, relativos aos primeiros 11 meses de 2012, que revelam uma subida de 15 por cento, face ao período homólogo. As vendas de azeite português no estrangeiro já valem 224 milhões de euros, «o maior valor de sempre», sublinha. Em volume, o crescimento foi de 25 por cento.

O Brasil continua a ser o mercado de referência e compra 40 por cento do azeite que consume a Portugal e a secretária-geral da Casa do Azeite acredita que ainda há espaço para crescer mas, devido à quebra de produção, os preços do azeite estão a subir. «É provável que esse crescimento abrande o ritmo impressionante de exportação para o Brasil dos últimos anos», adianta. Há um ano, o preço por quilo de azeite rondava os dois euros. Agora disparou 50 por cento para três euros o quilo, o que corresponde a uma «subida muito significativa mas o preço verificado nos últimos anos também se encontrava anormalmente baixo», defende a responsável.

Os principais destinos do azeite português são o Brasil, Estados Unidos da América (EUA), Venezuela, Angola e Cabo Verde, mas as empresas estão a diversificar mercados, com a Rússia e a China a ganharem «peso em termos de volume e valor das exportações».

As más condições climatéricas também afectaram outros países, sobretudo a Espanha, o maior produtor europeu. De acordo com as estimativas do Conselho Oleícola Internacional, a produção espanhola poderá ter caído 50 por cento esta campanha, de 1,6 milhões de toneladas para 820 mil. Entre os principais países produtores, Portugal e Espanha registam quebras, mas o mesmo não sucede com Itália, Grécia ou Tunísia, que conseguiram produzir mais azeite este ano.

Com a diminuição de produção em Espanha, esperam-se consequências no preço e na disponibilidade do produto em todo o mundo. «Tem uma repercussão importantíssima nas disponibilidades mundiais», diz Mariana Matos. «A preocupação reside no facto de o aumento de preço na origem, que já se verifica e é compreensível face à escassez da oferta, poder vir a ter um impacto negativo a nível do consumo e das exportações», sublinha.

Há também outras preocupações em cima da mesa. Os Estados Unidos, que compram no estrangeiro perto de 300 mil toneladas de azeite, estão a ponderar uma possível restrição às importações para estimular a produção local, que não ultrapassa as dez mil toneladas. A medida, a avançar, pode prejudicar as exportações para aquele país. Nos primeiros oito meses de 2012, Portugal exportou para os EUA 2,9 milhões de euros em azeite, menos oito por cento em comparação com o mesmo período de 2011. Desde 2006 e até 2012 as vendas para este mercado cresceram oito por cento.

A administração americana está a analisar a competitividade do sector e a fazer audições e visitas aos principais países produtores. Mariana Matos alerta que «este tipo de investigações costuma preceder a adopção de medidas restritivas».

«”Teremos de aguardar pelas conclusões finais», afirma. O assunto está a ser acompanhado pela Comissão Europeia e pelo Conselho Oleícola Internacional. A responsável acrescenta que Portugal também está atento e a «seguir de perto» o caso através da embaixada em Washington.

Fonte: Público (Via Confagri)