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Novas Madeiras para Novos Vinhos

<p style="text-align: justify;"><a href="/wp-content/uploads/2015/02/pipa-vinhos.jpg"><img class="img-responsive" src="/wp-content/uploads/2015/02/pipa-vinhos-1024x683.jpg" alt="pipa-vinhos" /></a></p> <p style="text-align: justify;">Investigadores da Universidade Polit&eacute;cnica de Madrid e do Centro de Investiga&ccedil;&atilde;o Florestal prop&otilde;em uma nova t&eacute;cnica de envelhecimento de vinhos baseada no uso combinado de novas madeiras e paredes de leveduras.</p> <p style="text-align: justify;">Uma nova metodologia permite elaborar de forma mais r&aacute;pida e com menor custo vinhos com perfis olfativos similares aos que se conseguem mediante o envelhecimento em pipas de forma tradicional. A nova t&eacute;cnica, desenvolvida por investigadores do grupo de Enologia, Enotecnia e Biotecnologia Enol&oacute;gica (enotecUPM) da Universidade Polit&eacute;cnica de Madrid (UPM), em colabora&ccedil;&atilde;o com o Centro de Investiga&ccedil;&atilde;o Florestal (CIFOR-INIA), consegue transferir para o vinho de forma controlada aromas terci&aacute;rios de madeira atrav&eacute;s da adi&ccedil;&atilde;o de leveduras previamente aromatizadas. Isto abre tamb&eacute;m a porta &agrave; utiliza&ccedil;&atilde;o de barricas de madeira diferentes &agrave;s utilizadas habitualmente.</p> <p style="text-align: justify;">O mercado atual de vinhos caracteriza-se por uma certa homogeneidade e satura&ccedil;&atilde;o de produtos que competem livremente entre si, procurando os agentes do mercado, assim, novas t&eacute;cnicas e tecnologias que tornem mais barato os processos, permitindo obter na mesma produtos de elevada qualidade e que se diferenciem no mercado. Muitos grupos de investiga&ccedil;&atilde;o em microbiologia enol&oacute;gica e enotecnologia centraram os seus esfor&ccedil;os em alcan&ccedil;ar estes objetivos gerais, motivados por uma ind&uacute;stria que entende que a diferencia&ccedil;&atilde;o dos seus produtos a custos mais baixos pode aumentar significativamente a sua competitividade.</p> <p style="text-align: justify;">Para al&eacute;m disso, no consumo de vinho existe um componente hedonista particular sujeito a tend&ecirc;ncias, modas e correntes e opini&atilde;o. Na opini&atilde;o dos investigadores, e a t&iacute;tulo de exemplo, &ldquo;o conceito de &laquo;bom&raquo; nos anos 90 n&atilde;o &eacute; o mesmo de agora. Os vinhos de grande extra&ccedil;&atilde;o, de alto grau alco&oacute;lico e com largos per&iacute;odos de envelhecimento em barricas, onde a madeira adquiria um papel fundamental e predominante, deu lugar a outros onde se valoriza em maior medida os aromas prim&aacute;rios ou castas de fruta, atrav&eacute;s de uma melhor integra&ccedil;&atilde;o e equil&iacute;brio com os compostos vol&aacute;teis da madeira&rdquo;.</p> <p style="text-align: justify;">Por outro lado, &eacute; interessante destacar o alto grau de acaso e empirismo subjacente &agrave; rela&ccedil;&atilde;o entre o vinho e a madeira. J&aacute; se perguntaram alguma vez porque &eacute; que uma pipa de vinho tem aquela geometria? A resposta est&aacute; no facto de, na sua origem, estes recipientes seram usados unicamente como contentor para o intercambio comercial de mercadorias. A madeira era um material resistente, barato e abundante, e tal geometria permitia o movimento de &ldquo;rolar&rdquo; um grande peso e volume sem grande esfor&ccedil;o e de forma tranquila. S&oacute; depois &eacute; que se come&ccedil;ou a perceber a influ&ecirc;ncia positiva destas barricas no seu conte&uacute;do.<br /> Esta influ&ecirc;ncia deve-se &agrave; transfer&ecirc;ncia de certas mol&eacute;culas qu&iacute;micas, vol&aacute;teis ou n&atilde;o, agora conhecidas e completamente identificadas, que enriquecem o perfil sensorial e, particularmente, tornam mais completo aromaticamente os vinhos envelhecidos em madeira. A pipa &eacute;, assim, do ponto de vista arom&aacute;tico, um objeto transmissor que se usa para enriquecer o vinho em determinados compostos de madeira.<br /> O envelhecimento convencional em barrica de carvalho constitui praticamente o &uacute;nico recurso para a elabora&ccedil;&atilde;o de vinhos maduros de qualidade. &Eacute; um processo lento e dispendioso: um grande volume de vinho necessita estar imobilizado na adega durante per&iacute;odos vari&aacute;veis antes de ir para o mercado. O potencial de transfer&ecirc;ncia arom&aacute;tica das pipas n&atilde;o &eacute;, de todo, ilimitado e, por isso, a sua aquisi&ccedil;&atilde;o, manuten&ccedil;&atilde;o e renova&ccedil;&atilde;o peri&oacute;dica constituem uma importante percentagem dos gastos vari&aacute;veis das bodegas. A Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) permite o uso de madeiras de carvalho e de castanheiro, ainda que a utiliza&ccedil;&atilde;o desta &uacute;ltima seja minorit&aacute;ria.</p> <p style="text-align: justify;">Neste contexto, o grupo de investiga&ccedil;&atilde;o espanhol enotecUPM desenvolveu uma metodologia que pretende aproveitar o elevado potencial de absor&ccedil;&atilde;o dos compostos vol&aacute;teis das paredes celulares das leveduras fermentadoras que se usam nas primeiras etapas de elabora&ccedil;&atilde;o, utilizando-as como um vetor que permita transferir aromas terci&aacute;rios do amadurecimento em madeira, controlando de forma precisa tal migra&ccedil;&atilde;o.</p> <p style="text-align: justify;">Esta metodologia baseia-se na aromatiza&ccedil;&atilde;o pr&eacute;via mediante a infus&atilde;o de uma biomassa de leveduras para a sua posterior liberta&ccedil;&atilde;o no vinho. A nova t&eacute;cnica permite o uso de forma precisa de outras esp&eacute;cies bot&acirc;nicas, como a cereja, a castanha ou a ac&aacute;cia, que em fun&ccedil;&atilde;o dos resultados anal&iacute;ticos obtidos mediante diferentes t&eacute;cnicas de cromatografia mostram aptid&otilde;es enol&oacute;gicas muito interessantes para determinadas situa&ccedil;&otilde;es (ver gr&aacute;fico).</p> <p style="text-align: center;"><a href="/wp-content/uploads/2015/02/grafico-vinho-madeira.jpg"><img class="img-responsive" src="/wp-content/uploads/2015/02/grafico-vinho-madeira.jpg" alt="grafico-vinho-madeira" /></a></p> <p style="text-align: center;">Cromatogramas que mostram os perfis arom&aacute;ticos diferenciados das madeiras estudadas na investiga&ccedil;&atilde;o, segundo a t&eacute;cnica de aromatiza&ccedil;&atilde;o indireta utilizando borras de levedura.</p> <p style="text-align: justify;">Esta nova t&eacute;cnica oferece v&aacute;rias alternativas interessantes, como a elabora&ccedil;&atilde;o de vinhos em per&iacute;odos de tempo muito curtos e a baixo custo, que demonstrem perfis olfativos similares aos do vinho envelhecidos em pipa de forma convencional. Os avan&ccedil;os no conhecimento da f&iacute;sico-qu&iacute;mica do envelhecimento em madeira e o entendimento de todos os processos envolvidos constituem, neste caso, um ponto de partida para tentar otimizar esta tecnologia cl&aacute;ssica e utilizar os recursos de uma forma racionalizada e tecnicamente justificada.</p> <p style="text-align: justify;">Ler <a href="http://tecnoalimentar.pt/2015/02/10/novas-madeiras-para-novos-vinhos/" target="_blank">aqui</a>.</p>