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Agrotec

Nova avaliação dos efeitos da enxertia na produtividade e qualidade das vagens de feijão-verde com recurso a diferentes porta enxertos

A enxertia tem sido uma técnica utilizada em culturas hortícolas protegidas com o objetivo de controlar diversas doenças do solo e stresses abióticos como a salinidade do solo, entre outros.

Feijão-Verde

É uma técnica segura para o ambiente e de fácil gestão, sendo atualmente uma importante estratégia na produção de culturas protegidas, principalmente das famílias Solanaceae e Cucurbitaceae, particularmente adequada à produção biológica.

Para a cultura de feijão-verde a enxertia foi recentemente introduzida com o objetivo de controlar as doenças causadas por Fusarium spp. e pelo nemátode-das-galhas-radiculares. O presente estudo foi realizado numa estufa em Ponte de Lima e teve por objetivo avaliar os efeitos da enxertia na produtividade e qualidade das vagens das cultivares de feijão-verde Oriente e Rajado (Phaseolus vulgaris L.), com os porta-enxertos da cv. Aintree (P1) e cv. tradicional de Ponte de Lima, Feijão 7 anos (P3), ambas da espécie P. coccineus L. e da cv. Bencanta (P2) (P. vulgaris L.).

O ensaio foi conduzido em blocos casualizados com 3 repetições, incluindo plantas não enxertadas (cv) e enxertadas na própria cultivar (cv/cv), como testemunhas, num total de 10 tratamentos. A densidade de plantação foi equivalente a 3,3 hastes m-2 e o número de plantas observadas por tratamento, durante o ensaio foi de duas plantas enxertadas conduzidas em duas hastes e quatro plantas normais e auto enxertadas conduzidas com uma haste, que ocupavam a mesma área.

A colheita das vagens comerciais foi realizada duas vezes por semana, registando-se o número, comprimento, peso fresco, teor de matéria seca e defeitos das vagens, assim como foram avaliados os sintomas das referidas doenças. A baixa produtividade obtida poderá ser atribuída aos elevados valores da temperatura do ar. A partir de 40 dias após a plantação (DAP), aproximadamente no início da colheita e até ao final do período experimental (de 22/06 a 4/08), a temperatura diária máxima variou entre 42,4°C e 55,0°C, valores muito acima dos valores de temperatura máxima para a espécie, o que terá causado a morte precoce das plantas aos 87 DAP.

O número total de vagens, o respetivo peso seco e fresco, nas plantas não enxertadas e auto enxertadas das duas cultivares foram superiores em comparação com as plantas enxertadas em P1 e P2. No entanto, não foi significativa a diferença entre o número total de vagens das plantas auto enxertadas e das plantas enxertadas em P3, assim como as plantas enxertadas em P3 resultaram numa produtividade idêntica a todos os restantes tratamentos.

Esta cv. tradicional de Ponte de Lima, Feijão 7 anos, naturalmente apresenta uma grande diversidade genética, que poderá justificar este resultado. Na análise de nemátodes obtiveram-se valores dos vários grupos tróficos e géneros de nemátodes fitoparasitas. Não se encontraram diferenças significativas entre os tratamentos e as populações mais elevadas de Helicotylenchus, Meloidogyne e Pratylenchus foram consistentemente associadas a plantas não-enxertadas da cultivar Rajado.

Apesar disso, os níveis populacionais destes nemátodes foram mais baixos nos tratamentos da cv. Rajado enxertada em P1, P2 ou P3. Em situações de elevadas temperaturas do ar, com uma condução da rega e de fertilização das culturas adequada para a cultura de feijão-verde, a enxertia das plantas de feijoeiro aparentemente não é recomendável. Assim recomenda-se uma maior investigação em condições de campo com potenciais porta enxertos de feijão verde.

Consulte a dissertação completa.

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