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Agrotec

Incidência do cancro do castanheiro e estrutura populacional de Criphonectria parasitica (Murrill) M. E. Barr na região do Entre Douro e Minho

O agente causal do cancro castanheiro Cryphonectria parasitica (Murrill) M.E. Barr, é considerado um dos principais fatores de mortalidade de Castanea sativa Mill. em todo o mundo. Introduzido em Portugal e com desenvolvimento epidémico conhecido a partir da década de 90, manifestou elevada agressividade e uma dispersão muito rápida, tendo, atualmente, distribuição generalizada nas regiões de produção de castanheiro.

Castanheiro

Neste trabalho realizou-se um estudo sobre a incidência do cancro do castanheiro e sobre a estrutura das populações de C. parasitica presentes em três soutos da Região do Entre Douro e Minho localizados em Felgueiras, Vila Verde e Ponte de Lima. Para avaliar a diversidade da população de Cryphonectria parasitica e obter isolados hipovirulentos, foi realizada uma prospeção nos três soutos em estudo.

Foi realizada uma avaliação visual da severidade da doença nas árvores amostradas e uma amostragem de tecidos de cancros ativos e de cancros curados, tendo-se obtido uma coleção de isolados do fungo que foram caraterizados em laboratório. Todos os isolados foram confrontados com isolados europeus de referência (“European Testers”) EU-1, EU-2, EU-11, EU-12 e EU- 66 para determinação dos grupos de compatibilidade vegetativa presentes nos soutos estudados.

Dos 221 castanheiros analisados nos três soutos, vinte e um não apresentavam sintomas de cancro e quatro não possuíam viabilidade biológica. Estes soutos apresentavam uma elevada incidência de cancro do castanheiro, mas também se observou a existência de muitos cancros curados. Os isolados obtidos nos três soutos do Entre Douro e Minho pertencem a seis grupos de compatibilidade vegetativa e apenas um número reduzido de isolados não foi incluído em nenhum grupo de compatibilidade vegetativa em estudo.

O GCV mais representativo é o EU-11 compreendendo 62% dos isolados, seguindo-se o EU-2 (20%), o EU-12 (7%), o EU-66 e o EU-1 (5,5%). Os soutos de Vila Verde e de Cepões apresentam elevada variabilidade, existindo seis GCV no souto de Vila Verde e cinco GCV no souto de Cepões. A variabilidade é inferior no souto de Felgueiras, com apenas três GCV. Foram isoladas estirpes hipovirulentas (isolados brancos de C.parasitica) nos soutos de Vila Verde e Felgueiras. No souto de Ponte de Lima (Cepões) apesar de também existirem muitos cancros curados, não se isolou nenhuma estirpe hipovirulenta.

A eficácia da hipovirulência como meio de luta biológica em castanheiro, depende da capacidade de transmissão dos hipovírus e dos mecanismos biológicos que a determinam, nomeadamente os relacionados com a capacidade de replicação e transmissão do vírus, e das condições ambientais em cada região concreta, e ainda das características da população de C. sativa, pelo que novos estudos são necessários para compreensão destas interações e aplicação da luta biológica com sucesso.

Consulte a dissertação completa.

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