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Agrotec

Estudo de cultivares de feijão como potenciais porta-enxertos na cultura de feijão-verde

A realização de enxertia em culturas hortícolas é uma resposta à intensificação da produção hortícola, sustentada por uma repetição intensiva das culturas no mesmo solo e por uma elevada utilização de fertilizantes e fitofármacos químicos de síntese, que podem causar graves danos ambientais assim como, representar uma ameaça para a saúde humana.

Feijão verde

Deste modo, a enxertia de plantas hortícolas principalmente das famílias Solanaceae e Cucurbitaceae, tem sido uma técnica de grande interesse, quer na produção convencional quer na produção biológica, por ser segura para o ambiente e de fácil gestão.

Para a cultura de feijão-verde é uma técnica muito promissora no controle de doenças que têm inviabilizado a produção convencional, nomeadamente causados por Fusarium spp. e pelo nemátode-das-galhas-radiculares (Meloidogyne spp.) através da resistência/tolerância de cultivares de feijão.

O presente estudo foi realizado nas estufas de dois horticultores, na Estela, concelho da Póvoa de Varzim, em modo de produção convencional e teve por objetivo avaliar os efeitos da enxertia das cultivares Oriente e Rajado (Phaseolus vulgaris L.) com os porta-enxertos da espécie Phaseolus coccineus L., na produtividade e qualidade das vagens. Os porta-enxertos utilizados foram cv. Aintree (P1) e cv. White Emergo (P2) (TozerSeeds) e a cv. tradicional Feijão 7 anos (P3).

Os ensaios foram realizados com um delineamento experimental de blocos casualizados com 4 repetições e 10 tratamentos e 6 plantas por tratamento, incluindo as plantas não enxertadas (cv) e enxertadas em si próprias (cv/cv). As plantas enxertadas foram conduzidas com duas hastes e as plantas cv e cv/cv com uma haste, tendo-se plantado duas plantas no mesmo local.

A colheita das vagens comerciais foi realizada duas vezes por semana, registando-se o comprimento, o peso fresco das vagens e a presença ou não de vagens com deformação ligeira ou grave. Em cinco, do total de 23 colheitas avaliou-se o peso seco. A interação entre os tratamentos e as cultivares de feijão-verde não foi significativa para o número total das vagens, peso fresco e peso seco das vagens, significando que o efeito da enxertia não foi dependente da cultivar.

As plantas não enxertadas das duas cultivares, resultaram numa maior produtividade (4,5 kg m-2) em comparação com as plantas enxertadas em P2 (3,7 kg m-2) e numa produtividade semelhante à dos restantes tratamentos. O comprimento médio das vagens da cv. Oriente aumentou nas plantas enxertadas em comparação com as plantas cv e cv/cv.

As plantas enxertadas em P1 resultaram em vagens com uma percentagem de matéria seca mais baixa (8,4%) em comparação com os tratamentos cv/cv e P2 (média 9,1%), mas idêntica à das plantas não enxertadas e enxertadas em P3 (média 8,8%). A cv. Oriente foi mais precoce (aparecimento da primeira flor e da primeira vagem) em cerca de 2 dias e apresentou vagens mais compridas (média 21,6 cm vagem-1) do que a cv. Rajado (média 19,3 cm vagem-1), que é uma cultivar de feijão-verde tradicional.

O número total de vagens (média 258,1 vagens m-2) foi semelhante para as duas cultivares, mas a produtividade média da cv. Oriente (4,7 kg m-2) foi superior à produtividade da cv. Rajado (3,4 kg m-2), principalmente devido ao maior comprimento das vagens. As vagens da cv. Rajado apresentaram um valor de matéria seca (9,2%) superior em comparação com as vagens da cv. Oriente (8,6%).

Não ocorreram diferenças entre os tratamento nem entre as duas cultivares para a percentagem de defeitos ligeiros e graves, à exceção das plantas enxertadas em P3, cuja percentagem de vagens com defeitos graves (0,6%) foi inferior, em comparação com as plantas não enxertadas (1,2%). A média da percentagem de vagens com defeitos ligeiros para todos os tratamentos foi de 4,3%.

O efeito da utilização de porta enxertos, com um sistema radicular mais desenvolvido e mais profundo, que permitirá o acesso a um maior volume de solo e a uma potencial tolerância/resistência a fatores bióticos e abióticos que prejudicam o normal desenvolvimento e crescimento das plantas, não se revelou nas condições do presente ensaio.

Este facto poderá estar relacionado com a ausência de sintomas das principais doenças do feijoeiro e pela disponibilidade de nutrientes minerais necessários à cultura acrescido por um compasso de 0,47 hastes m-2, correspondente a uma baixa densidade de plantas do ensaio (21164 plantas não enxertadas ha-1).

Consulte a dissertação completa.

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