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Agrotec

Avaliação dos efeitos da enxertia na produtividade e qualidade das vagens de feijão-verde com recurso a diferentes porta-enxertos na Região Litoral Norte

A cultura de feijão-verde é produzida predominantemente em estufa e de forma intensiva. A intensificação com o recurso a fertilizantes de síntese e pesticidas, associados à repetida sucessão das mesmas culturas tem aumentado os problemas de salinidade e incidência de doenças no solo, tais como Fusarium spp. e Meloidogyne spp..

Feijão-Verde

O uso de alternativas como a enxertia permite superar os referidos problemas, através de processos de tolerância/resistência apresentando-se com uma técnica limpa e económica adequada à produção biológica.

O presente estudo foi realizado numa estufa em Esposende, utilizando-se duas cultivares de feijão-verde, Oriente (O) e Rajado (R) (Phaseolus vulgaris L.), enxertadas em porta-enxertos das espécies P. coccineus L. (cv. Aintree, P1 e cv. Feijão de 7 anos, P3) e P. vulgaris L. (cv. Bencanta, P2), com o objetivo de determinar os efeitos da enxertia na produtividade e qualidade das vagens. A densidade da cultura foi de 3,3 hastes m-2 e o delineamento experimental foi de blocos casualizados com 3 repetições, incluindo para a cv.

Oriente as plantas não enxertadas (cv), enxertadas em si próprias (cv/cv) e enxertadas em P1 e P2 e, para a cv. Rajado, as plantas enxertadas nos três porta-enxertos. A plantação realizou-se a 15/05/2016 e a colheita das vagens comerciais decorreu entre 26/06 e 5/09, num total de 21 colheitas, tendo-se registado o número, comprimento, peso fresco, matéria seca e deformações das vagens.

A produtividade foi superior nas plantas O e OO (média 2,5 kg m-2) e não foi significativamente diferente da produtividade das plantas enxertadas em P1 (1,5 kg m-2). No entanto, a produtividade em P2 (1,4 kg m-2) foi inferior em comparação com as plantas OO. Na cv. Oriente a matéria seca (MS) das vagens foi inferior nas plantas enxertadas em P1 (9,3%) em comparação com as plantas não enxertadas (10,5%).

Para a cv. Rajado a produtividade e a MS das vagens foram semelhantes nas plantas enxertadas nos três porta-enxertos, em média, respetivamente 1,2 kg m-2 e 9,3%. Os defeitos ligeiros nas vagens foram mais numerosos na cv. Oriente em P1 e P2 (49,7%) e menor em O e OO (42.3%), não tendo ocorrido diferenças nos defeitos graves (média 21,0%). Na cv. Rajado a percentagem de defeitos foi semelhante em todos os tratamentos, em média 35,0% de defeitos ligeiros e 21,9% graves.

A baixa produtividade e a grande percentagem de defeitos nas vagens podem ser explicados pelos elevados valores da temperatura do ar. Durante o período experimental a temperatura diária máxima foi em média de 31,2°C e variou entre 22,4°C e 43,7°C. Estes valores situam-se acima dos valores de temperatura máxima para a espécie e, entre outros efeitos, causam a queda das flores.

Em síntese, para as condições em que decorreu o ensaio, nomeadamente, com incidência de elevadas temperaturas do ar, a enxertia das plantas de feijoeiro da cv. Oriente aparentemente não é recomendável.

Consulte a dissertação completa.

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