FacebookRSS feed

Agrotec

Avaliação dos efeitos da enxertia de duas culturas de feijão-verde nas populações de nemátodes fitoparasitas e de bactérias fixadoras de azoto

O feijão (Phaseolus vulgaris) é uma leguminosa que tem um lugar importante na dieta alimentar portuguesa, no consumo fresco e em seco. Do ponto de vista agronómico, é uma espécie importante para incluir nas rotações de culturas, visto possuir vantagens ao nível da fertilidade e da estrutura do solo.

Feijão verde

No entanto, nos dias de hoje, assiste-se a uma diminuição da produção da cultura de feijão-verde, tanto a nível nacional como a nível mundial. Esta diminuição deve-se às doenças e pragas que afetam a cultura e que levam a uma redução na sua produção.

Os nematodes-das-galhas-radiculares (Meloidogyne spp.) e os nemátodes do género Pratylenchus constituem um grave problema na produção da cultura de feijão-verde podendo afetar a qualidade e a produtividade da produção. Uma vez que esta cultura é consumida praticamente em todo o mundo, e em algumas dietas é a fonte principal de proteína, é importante que se adoptem medidas de modo a reverter esse processo.

Tendo em conta que o uso de produtos químicos utilizados como meios de proteção contra doenças é bastante dispendioso, nocivo para a saúde e para o ambiente e que nem sempre resolvem por completo os problemas, é importante estudar outros métodos e técnicas eficazes de modo a garantir uma produção de qualidade.

A enxertia é uma técnica que tem vindo a ser utilizada em muitos países produtores de culturas hortícolas, incluindo Portugal. Na enxertia recorre-se à utilização de porta-enxertos resistentes ou tolerantes a patogéneos do solo, e nele são enxertadas cultivares comerciais susceptíveis aos patogéneos, mas que possuem as caraterísticas produtivas pretendidas.

Consegue-se com esta técnica reduzir os prejuízos causados pelas doenças do solo, e evitar o uso indiscriminado de pesticidas. Neste trabalho pretendemos estudar os efeitos da enxertia das cultivares de feijão-verde Fasili e Oriente em quarto porta-enxertos, nas populações de nemátodes fitoparasitas (Meloidogyne spp. e Pratylenchus spp.), na formação de nódulos de bactérias fixadoras de azoto e na incidência da doença da suberose radicular causada pelo fungo Pyrenochaeta lycopersici. Pretendemos ainda avaliar o efeito da enxertia na produção de biomassa de raízes de feijão-verde produzido em estufa.

O ensaio experimental decorreu no solo da estufa da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima/IPVC, na Primavera/Verão de 2014. Realizaram-se duas recolhas de raízes para análise, uma a meio do ciclo da cultura a 1 de Julho e uma segunda no final da cultura em Agosto de 2014. Quantificou-se o número de galhas de nemátodes Meloidogyne spp. (nemátode das galhas radiculares - NGR) e o número de massas de ovos, o número de nemátodes Pratylenchus spp. extraídos das raízes mais finas, o número de nódulos de rizóbios, e a severidade da doença da suberose radicular.

Registou-se ainda o peso fresco e seco das raízes de feijoeiro das diferentes combinações porta-enxerto/cultivar enxertada. A partir dos nódulos de rizóbio, isolaram-se as bactérias em laboratório e procedeu-se à caraterização fenotípica e molecular. O estudo dos nemátodes fitoparasitas presentes nas suspensões do solo, permitiram identificar um total de sete géneros de nemátodes nos vários tratamentos e datas de amostragem do ensaio: os ectoparasitas Helicotylenchus, Paratylenchus, Rotylenchus, Tylenchorhynchus e Xiphinema; e os endoparasitas Meloidogyne e Pratylenchus. Os resultados mostraram que as populações naturais de nemátodes, rizóbio e P. lycopersici presentes no solo infetaram as raízes dos porta-enxertos em estudo.

Nenhum dos tratamentos realizados (porta-enxerto/cultivar enxertada) mostrou ser simultaneamente resistente aos nemátodes dos géneros Meloidogyne e Pratylenchus. O tratamento que conduziu a melhores resultados contra Meloidogyne spp. e P. lycopersici, foi o tratamento OO (Oriente enxertado em Oriente), enquanto que para o género Pratylenchus o tratamento mais aconselhável foi o FF (Fasili enxertado em Fasili).

No que diz respeito à infeção por rizóbio não pareceu haver uma separação entre os tratamentos de plantas enxertadas em si próprias ou as plantas não enxertadas. A análise da diversidade genética dos isolados de Rizobium obtidos das raízes de plantas da cv. Feijão de 7 anos (P. coccineus), uma espécie de feijoeiro diferente das cvs. Fasili e Oriente (P. vulgaris), mostrou que as bactérias que infetaram estas duas espécies de feijão são diferentes, e não ficaram agrupadas no mesmo grupo.

Consulte a dissertação completa.

Conheça outras investigações no âmbito da agricultura biológica.