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Agrotec

Avaliação da resistência de linhagens de feijoeiro ao Nemátode Meloidogyne javanica e ao fungo Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli

O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é cultivado há centenas de anos, e continua a ser em muitas regiões do mundo, a leguminosa mais consumida na dieta humana. No feijão-verde o produto final para consumo é a vagem, um alimento rico em fibras, proteínas, ferro, vitaminas e sais minerais.

Feijão

A produção de feijão diminuiu nos últimos anos sendo os fatores mais importantes da queda de produtividade, as doenças que infetam esta cultura, que podem provocar perdas de produção até 100 %.

Entre os agentes patogénicos que contribuem para a baixa produtividade da cultura salientam-se os nemátodes-das-galhas-radiculares (NGR) Meloidogyne sp. e o fungo Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli (Fop) responsável pela murchidão vascular do feijoeiro. A estratégia mais viável para o controle destes patogénios do solo é o uso de cultivares resistentes, que podem ser utilizados como porta-enxertos de cultivares comerciais suscetíveis.

Com este trabalho pretendeu-se avaliar a resistência/suscetibilidade de linhagens de feijoeiro aos agentes patogénicos de origem edáfica identificados acima, com testes-padrão em condições controladas, com o objetivo geral de identificar linhagens com potencial utilização como porta-enxertos de feijoeiro. As linhagens X08, X09, X10, X15 e de Phaseolus coccineus foram suscetíveis ao NGR Meloidogyne javanica, ao permitirem a reprodução de nemátodes e sofrerem danos significativos nas raízes.

No entanto foi possível detetar um potencial de resistência na linhagem X09, que registou valores mais baixos de galhas, massas de ovos e reprodução dos nemátodes, comparável à reprodução de NGR em feijoeiros resistentes. A linhagem X10 foi considerada a mais suscetível, com parâmetros de infeção e multiplicação de nemátodes semelhante aos tomateiros suscetíveis (testemunha positiva).

A aplicação de diferentes sistemas de classificação com base em índices resultou em conclusões diferentes quanto à reação a NGR das linhagens avaliadas, sendo importante analisar estatisticamente os valores não-transformados de galhas, massas de ovos, e reprodução para uma caracterização mais objetiva, aprofundada e que permita a comparação com outros estudos.

As plantas de P. vulgaris (Oriente) e de P. coccineus (Aintree, Emergo, X07, X08, X09, X10 e X15) avaliadas quanto à severidade da doença causada pela estirpe FA-15 de Fop, não manifestaram sintomas da doença até 40 dias após inoculação das raízes. A aplicação da escala de severidade da doença resultou na pontuação 1 (ausência total da doença) para todas as plantas inoculadas e testemunha, sendo portanto resistentes à estirpe FA-15.

Estes resultados contrariam a suscetibilidade observada em condições de produção comercial de feijão-verde da cultivar “Oriente” (testemunha positiva no ensaio em condições controladas) da qual se isolou a estirpe patogénica. Apesar de não se terem observados sintomas de fusariose foi isolado Fop de plantas da linhagem X09 e do substrato, onde o fungo se manteve viável por um período de 60 dias.

Os resultados obtidos levantam questões sobre a necessidade de validação das metodologias padrão de análise da resistência a Fop para feijão de trepar, nomeadamente sobre a concentração do inóculo, o tempo de imersão das raízes, e o momento ideal para avaliação da reação das linhagens.

Para que a enxertia possa ser utilizada como uma estratégia eficaz para controlar os NGR e a fusariose vascular do feijoeiro, é determinante conhecer as espécies e/ou raças presentes nas áreas de produção, realizar ensaios com combinação de inoculação de NGR com Fop e ainda realizar ensaios em condições de campo, para avaliar o desempenho das plantas enxertadas no seu ciclo produtivo completo, e o efeito da interação entre plantas e seus agentes patogénicos modulada por condições abióticas típicas da produção comercial.

Consulte a dissertação completa.

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