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Agrotec

Viticultores do Douro denunciam reprovação de 1000 projetos para muros

 A Associação dos Vitivinicultores do Douro (Avidouro) alertou para a reprovação de cerca de «mil projetos» de recuperação dos tradicionais muros de xisto, havendo situações em que os produtores já executaram e pagaram os trabalhos. 

douro

Duarte Teixeira, viticultor na Cumieira, concelho de Santa Marta de Penaguião, disse, numa conferência de imprensa promovida pela Avidouro, em Vila Real, que submeteu um projeto para a recuperação de muros à medida 7.11.1 do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.

«Mandaram-me um técnico e ele chegou à conclusão que eram precisos mais muros do que aqueles que eu meti. Fizeram-me uma correção ao projeto para mais muros do que aqueles que eu achava que deviam ser feitos e fi-los completamente. Estamos a falar de 24 mil euros», salientou.

O produtor disse que, para si, este foi um «investimento muito elevado». 

Duarte Teixeira explicou que os muros foram caindo ao longo dos tempos e que só avançou com os trabalhos de recuperação porque «havia esta pseudo ajuda». 

Depois de ter visto o granizo «destruir mais de 75% da colheita deste ano», Alberto Coutinho, da freguesia de Fontes, também em Santa Marta de Penaguião, recebeu agora a «má notícia» do que o seu projeto para a recuperação de muros foi também reprovado.

Este agricultor disse que avançou «muito pouco com a reconstrução de muros» porque «os dinheiros são poucos e estava à espera que o projeto fosse aprovado». 

A dirigente da Avidouro, Berta Santos, referiu que, em todo o Douro, «houve mais de mil projetos reprovados» alegadamente por «falta de dotação orçamental». 

«Estranho facto este quando é público que esta medida só apresenta uma taxa de compromisso de 60%», sustentou a responsável. 

Berta Santos referiu que a associação reivindica a «aprovação efetiva destes projetos até porque parte dos trabalhos já foi executada com recurso a empréstimos ou créditos». 

Os produtores exigiram ao Governo, através do Ministério da Agricultura, «uma reanálise» da decisão ou então que seja «aberto de imediato» um novo aviso, «para que estes projetos possam transitar para esse concurso e que todos eles sejam aprovados independentemente da pontuação que têm». 

Berta Santos considerou ainda que «não é aceitável o espaço temporal entre as submissões de candidaturas, até março de 2016, e o anúncio das decisões e recusas, que se verificou neste mês de julho». 

A dirigente frisou que o Douro Património Mundial não «pode continuar a ser mantido à custa do sacrifício dos milhares de agricultores que são obrigados a cumprir regras e que têm que ser ajudados por isso».

Fonte: Lusa