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Agrotec

Syngenta apresenta "The Good Growth Plan 2.0" e debate a Estratégia F2F em evento digital

O evento da Syngenta Portugal teve como objetivos a comunicação dos resultados do plano de compromissos do "The Good Growth Plan", desde o seu início em 2013 até 2020, a apresentação dos novos compromissos a concretizar até 2025 e debateu o tema “Será o Farm to Fork (F2F) a revolução agrícola de que precisamos?”.

Syngenta Portugal

O "The Good Growth Plan" plano de compromissos para a sustentabilidade agrícola está focado no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade e na recuperação da agricultura face aos efeitos económicos e sociais da Covid-19.

Na sequência das preocupações com o impacto das alterações climáticas na sua actividade e a «pressão adicional» gerada pela Covid-19, manifestadas por agricultores através de inquéritos, o “The Good Growth Plan” renovado inclui novos e ambiciosos objectivos para reduzir a pegada de carbono da agricultura e para ajudar os agricultores a enfrentar os padrões extremos do clima causados pelas alterações climáticas.

Robert Renwick, diretor-geral da Syngenta para Portugal e Espanha, abriu a sessão, começando por explicar as consequências do novo Pacto Ecológico Europeu da UE nas medidas da empresa voltada para o setor agrícola. «A Syngenta tem o objetivo de ajudar os agricultores a se adaptarem a estas mudanças», destacou, aproveitando para agradecer aos agricultores nacionais por estarem ao lado da empresa. «Não estamos a pensar só na Syngenta, mas no futuro sustentável da agricultura portuguesa», concluiu. 

The Growth Plan 2.0

Em seguida Felisbela Campos iniciou a apresentação do novo "The Growth Plan 2.0", dando também a conhecer os dados do anterior plano. «As evidências contam-nos que o impacto das novas pragas emergentes advém e culmina numa acentuada aceleração dos fenómenos climáticos, como temos vindo a assistir nos últimos anos, e que terá que ser uma tendência invertida», introduziu, realçando que tal, aliado à necessidade crescente da produção de alimentos, pode prejudicar as explorações agrícolas.

«No anterior plano excedemos todos os objetivos», realçou a engenheira, divulgando em seguida que os objetivos para o The Growth Plan 2.0 concentram-se em acelerar a inovação para agricultores e meio ambiente; trabalhar para uma agricultura neutra em carbono; promover a segurança e a saúda das pessoas e estabelecer parcerias de impacto.

Acelerar a inovação para agricultores e meio ambiente

O objetivo da Syngenta passa por investir 2 biliões de dólares em inovação para uma agricultura sustentável, aliando tal à criação de duas inovações disruptivas e sustentáveis por ano. Além disso, a empresa irá trabalhar para obter o mínimo de resíduos nas culturas e no meio ambiente.

Trabalhar para uma agricultura neutra em carbono

A Syngenta vai mensurar e viabilizar a captura e mitigação de carbono na agricultura, bem como aumentar a biodiversidade e melhorar a saúde do solo em três milhões de terra aráveis por ano. É também um grande objetivo reduzir a intensidade da emissão de carbono nas operações em 50% até 2030. 

Promover a segurança e a saúda das pessoas

Neste âmbito, a empresa internacional tem o objetivo de zero incidentes nas suas operações e de capacitar oito milhões de agricultores por ano no Uso Seguro e nas Boas Práticas Agrícolas. A Syngenta pretende, assim, promover condições justas de trabalho em toda a sua rede de distribuição.

Estabelecer parcerias de impacto

A Syngenta pretende construir alianças estratégicas e publicar os seus objetivos ao nível da sustentabilidade, iniciando um diálogo inovador em consultas que incluam diferentes visões sobre a sustentabilidade. É pretendida uma liderança na agricultura sustentável globalmente.

Será o “Farm to Fork” (F2F) a revolução agrícola de que precisamos?

Após a apresentação do plano, teve lugar uma mesa redonda sobre o tema “Será o “Farm to Fork” (F2F) a revolução agrícola de que precisamos?”, que contou com a participação de Eduardo Diniz, diretor-geral do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP); Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP); Nuno Canada, presidente do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e Rui Barreira, diretor da Conservação da Associação Natureza Portugal (ANP/WFF).

Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP, foi o primeiro interveniente do debate, acredita que a Estratégia Do Prado ao Prato irá funcionar. «À medida que vamos tendo acesso ao conhecimento, vamos criando novas preocupações e uma nova forma de olhar para os assuntos. Como tal, temos novos objetivos», começou a sua explicação.

«Há um comboio que está em marcha, que é o Pacto Verde, sendo as estratégias apenas duas carruagens desse comboio. Não temos outra solução senão subir para o comboio, perceber o nosso lugar e que instrumentos vão ser colocados à nossa posição para alinharmos os nossos comportamentos futuros. Nada disto é rigoroso e estático, mas maleável. Ainda não se iniciou a viagem, mas já estamos a perceber que temos um papel a desempenhar e temos que estar envolvidos na discussão desde a primeira hora. O caminho é por aqui, temos que o acompanhar e tirar partido dessa nova realidade», concluiu a sua posição. 

O representante da PAC acredita que «temos que encontrar a forma mais lógica de assegurar as metas», sendo que não podemos partir do príncipio que a nova estratégia traga prejuízo aos agricultores, realçando que «temos que trabalhar para tal não se verifique de forma alguma».

Rui Barreira, diretor da ANP/WFF, acredita que este plano vai de encontro aos objetivos da sua organização. «Quando olhamos para uma estratégia como esta, tão abrangente e que tenta resolver tantos problemas, agrada-nos mas, por outro lado, coloca-nos vários desafios não só até 2030, mas de continuidade», afirma. «Este é um processo em que temos que nos encontrar todos envolvidos».

Sobre a questão da redução dos fitofármacos em 50%, o diretor da ONG acredita que esta necessidade de redução surge devido aos efeitos que os produtos têm no biossistema. «É preciso observar esta questão na ótica da preservação dos sistemas de ecossistema que compõem o nosso espaço rural», aponta. «O que deve ser realmente considerado é o impacto ambiental direto que estes produtos provocam. Daí que, o aumentar da agricultura biológica, uma área menos exposta a pesticidas, parece-nos uma boa medida. A questão da soberania alimentar também é essencial, para que continue a existir viabilidade das explorações agrícolas».

«Eu não tenho dúvidas que esta redução vai ter um grande impacto mas também temos que perceber que, se prejudicarmos estes sistemas, a agricultura também vai ficar mais pobre e outros perigos podem surgir», concluiu. 

Eduardo Diniz, diretor-geral do GPP, considera que «temos que olhar para a evolução das políticas e das prioridades», mas também temos que «analisar o projeto de montagem entre essas intenções e o real, o que sai do papel». O responsável destaca que «a PAC não teve o seu tratado alterado, mesmo com as evoluções, sendo que o objetivo primeiro continua a ser fornecer alimentos seguros aos consumidores e criar condições de vida aos agricultores», embora a sua flexibilidade tenha se alterado ao longo dos anos. 

«Se exigimos mais certificações, vamos ter mais custos acrescidos, sendo que os produtos não se podem tornar mais caros para os consumidores finais», exemplificou. «Acredito que o principal debate não são os objetivos, é termos consciência que muito dificilmente se atingem os respetivos se não for com a inovação e tecnologia e, para caminhar nesse sentido, precisamos de ter rendimento e investimento nesse setor». 

O diretor-geral do GPP adiantou que as metas ainda não estão totalmente definidas para os Estados-Membros a nível jurídico, tendo a Comissão Europeia emitido recomendações para alinhar os objetivos de cada país com os objetivos que vão ser aprovados para a nova PAC. 

Nuno Canada, presidente do INIAV, defende que «os próximos anos vão ser de mudança» a nível de alimentação, padrões de consumo e agricultura, acreditando que estes desafios vão tornar todo o processo «complexo». O engenheiro acredita que as ferramentas da estratégia são ideais para garantir as transições presentes no novo plano, defendendo uma visão integrada dos diferentes setores. 

«Hoje nós sabemos que estes desafios de grande dimensão se conseguem ultrapassar com mais investigação, ciência e tecnologia», começou por explicar. «A Comissão Europeia, consciente disto mesmo, desenvolveu um conjunto de intrumentos financeiros orientados para esta área da investigação e capacitação muitos mais robustos do que tinhamos no passado. Os intrumentos financeiros que temos para inovar na área da agricultura e alimentação nos próximos anos são muito maiores do que tinhamos no passado. Estes intrumentos vão ser essenciais para que a agricultura portuguesa se consiga adaptar aos tempos que vivemos», destaca Nuno Canada.

O presidente do INIAV acredita que, nos últimos anos, os ecossistemas de inovação em Portugal melhoraram muito, a estratégia de inovação na Agenda Terra Futura é a ideal e que Portugal tem conseguido realizar «um caminho muito significativo de aproximar as entidades que produzem o conhecimento das entidades que utilizam o respetivo», destacando que entre 2014 e 2020 foram criados em Portugal 22 Centros de Competências e os Laboratórios Colaborativos, estruturas de interface mais orientados para a indústria.

Os intervenientes do debate representaram o dinamismo das suas entidades perante a nova estratégia, acreditando num futuro trabalhoso, mas próspero para a agricultura nacional.