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Agrotec

Própolis e conservação de frutos: um valor acrescentado

Por: Leonor Pereira1, Ana Beatriz Carneiro1, Lucas Falcão1, Ana Cunha1,2, Cristina Almeida-Aguiar1,2

1 Departamento de Biologia, Escola de Ciências, Universidade do Minho

2 CBMA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental, Universidade do Minho

RESUMO

As doenças causadas por fitopatógenos e o amadurecimento rápido após colheita são das principais restrições à comercialização e consumo de fruta, gerando desperdício e impactos económicos, sociais e ambientais. É crucial encontrar alternativas seguras, eficazes e ecológicas para reduzir estas perdas. O própolis, um produto apícola com várias propriedades, nomeadamente antimicrobiana e antioxidante, poderá afigurar-se uma alternativa aos pesticidas/ químicos usados na conservação de frutos. Neste trabalho pretendeu-se avaliar o efeito do própolis na diminuição de perdas por contaminação fúngica (maçã e pera) e por decaimento durante o amadurecimento (tomate). Observou-se inibição in vitro do crescimento dos fungos Botrytis cinerea e Penicillium expansum, responsáveis pela podridão cinzenta e bolor azul, respetivamente. In vivo, o própolis reduziu o tamanho da lesão provocada por P. expansum na maçã, e aumentou a firmeza de tomate. Os resultados sugerem o potencial do própolis português, particularmente de amostras desaproveitadas, no biocontrolo de doenças pós-colheita e no aumento do tempo de conservação de frutos.

INTRODUÇÃO

Segundo o Índice de Desperdício Alimentar divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (2021), mais de 900 milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçadas em 2021, correspondendo a cerca de 17% da produção total do mundo. Após a colheita, a perda (quantitativa e qualitativa) de frutos e legumes pode ultrapassar os 15% pelo que, e em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, importa diminuí-la, reduzindo o desperdício alimentar per capita, mas também as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento (ODS 12.3). Ainda, e em linha com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu, nomeadamente a redução da utilização de pesticidas (Comissão Europeia, 2020), assiste-se também à procura crescente por alternativas mais sustentáveis e alimentos mais seguros.

A conservação pós-colheita da fruta é feita, por norma, através do armazenamento em câmaras a baixas temperaturas, a par com a aplicação de fungicidas sintéticos para controlo de podridões. No entanto, os problemas associados ao uso destes produtos (Lara e Barreiro, 2012; Marín et al., 2017) tornam urgente uma mudança de práticas, incrementando a utilização de produtos ecológicos que substituam os compostos de síntese para salvaguarda da saúde humana, da preservação ambiental e para a valorização económica e do setor alimentar. Neste sentido, o própolis surge como um potencial aliado no que respeita à conservação de alimentos, graças às diversas bioatividades já comprovadas, entre as quais a antimicrobiana e antioxidante (Fokt et al., 2010; Pereira et al., 2015; Silva-Carvalho et al., 2015).

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 45 da Revista AGROTEC.

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