Precipitação melhora panorama nos cereais e promove melhoria das condições de pastoreio
A precipitação de março e de abril conduziu a uma melhoria significativa do desenvolvimento vegetativo dos prados, pastagens permanentes (semeados e naturais) bem como das culturas forrageiras anuais, com o consequente aumento da disponibilidade de biomassa. O desenvolvimento das searas de sequeiro dos cereais praganosos foi, até ao final de fevereiro, muito condicionado pela situação de seca meteorológica.
Devido ao escasso desenvolvimento que estas culturas tiveram nos meses anteriores, a quantidade de matéria verde é, em geral, inferior ao normal para a época. Os efetivos pecuários explorados em regime extensivo já se encontravam em pastoreio pleno, sem necessidade de suplementação de alimentos conservados, se bem que em algumas zonas (principalmente no Baixo Alentejo e no Alentejo Litoral) as perspetivas apontam para a necessidade de integrar palhas, fenos e silagens na alimentação destes efetivos bem mais cedo que o habitual. As culturas forrageiras também registaram bons desenvolvimentos no último mês, tendo-se iniciado os cortes para fenar. As primeiras estimativas apontam para uma diminuição da produtividade a rondar os 15%, face ao ano anterior.
Relativamente aos cereais praganosos, os efeitos da precipitação ocorrida em março e abril foram, no geral, positivos para estas culturas, mas com intensidade variável em função do seu estado de desenvolvimento fenológico.
Para as searas semeadas no cedo e em solos mais delgados (com menor capacidade de retenção de humidade), a precipitação alterou de forma pouco significativa o seu desenvolvimento, uma vez que as culturas já em março tinham atingido (precocemente) a fase de espigamento, não completando o seu ciclo vegetativo normal (com naturais implicações na produtividade potencial).
Por outro lado, as searas instaladas em solos de maior aptidão cerealífera beneficiaram da precipitação para retirar o máximo proveito das unidades azotadas disponibilizadas pela adubação de cobertura e, encontrando-se a maioria nas fases do espigamento, para promover a intensa multiplicação celular característica deste último estágio do período reprodutivo.
Ainda assim, globalmente as previsões apontam para uma diminuição da produtividade, face à campanha anterior, para todos os cereais de inverno: -15% no trigo duro, triticale e aveia, -10% no trigo mole e cevada e -5% no centeio.
Fonte: INE