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Agrotec

Pós-Colheita: uma extensão do campo

A pós-colheita resume-se ao conjunto de técnicas aplicadas para a conservação e armazenamento de produtos agrícolas, após a sua colheita. Para compreender mais sobre as práticas em Portugal e os desafios que este setor enfrenta, falámos com quatro entidades, de diferentes regiões do país e de diferentes culturas: a Cooperfrutas, a Cerfundão, a Cacial e a Gemüsering.

A Cooperfrutas (Cooperativa de Produtores de Fruta e Produtos Hortícolas de Alcobaça CRL) trabalha com pera rocha, maçã, ameixa e pêssego. A Cooperativa produz, conserva, embala e comercializa as frutas produzidas nas suas explorações. Entre 70 a 80% da sua produção é exportada. A Cacial (Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve CRL), uma das maiores cooperativas de produtores da região, foi fundada em 1964, para dar resposta à necessidade dos produtores agrícolas da região em criar uma estrutura que pudesse comercializar as laranjas do Algarve. Atualmente exportam 30% da sua produção. A Gemüsering, em Odemira, produz, conserva e comercializa batata-doce e outros tubérculos. No ano passado, exportou 80% da sua produção e os restantes 20% vendeu a operadores locais. A Cerfundão, produz Cereja do Fundão IGP e Pêssego da Cova da Beira IGP, no concelho do Fundão e na restante região da Cova da Beira. Esta região é responsável por 50% do volume de produção de fruta de caroço nacional (principalmente cereja e pêssego). As suas exportações apresentam uma percentagem reduzida, cerca de 10%, que se concentram no centro da Europa, onde estão presentes emigrantes que se identificam com a cereja e pêssego produzidos em Portugal. O nosso país é um forte importador, quer de cereja, quer de pêssego. A produção nacional não chega a 50% das necessidades de consumo.

A PÓS-COLHEITA

As tecnologias pós-colheita são fundamentais a preservação da qualidade da fruta, desde o momento da colheita, até à chegada a casa do consumidor final.

Batata-doce (Gemüsering)

A sua abordagem à conservação é diferente da encontrada na maioria dos textos publicados sobre o assunto. Fazem ensaios com câmara de cura, mas consideram que as condições climáticas da região lhes permitem fazer uma cura natural, em armazém ventilado. Durante a conservação, entre a colheita no campo e a venda da batata, têm também como objetivo manusear o produto o mínimo possível. Pela sua experiência, e segundo as condições que dispõe, esta é a forma como conseguem os melhores resultados.  

Maçã e Pera Rocha (Cooperfrutas)

Após a colheita toda a produção da cooperativa é rapidamente arrefecida e armazenada em câmaras de frio, capacitadas para conservar em atmosfera controlada dinâmica, sendo possível com esta tecnologia preservar as características dos frutos e oferecer um produto de qualidade ao longo do ano.

Laranja (Cacial)

A conservação em citrinos baseia-se na utilização do frio, com o objetivo de diminuir as perdas de peso por transpiração e respiração, permitindo manter a frescura dos frutos e reduzir a desidratação e a senescência. Sempre que seja necessário realizar a conservação dos frutos por um período mais prolongado, devem ser considerados determinados fatores como a seleção do pomar, que deve ter boas condições sanitárias e produtivas. O grau de maturação da fruta deve ser adequado ao armazenamento e a colheita deve ser criteriosa respeitando as boas práticas, nomeadamente, a utilização de tesoura para cortar os pedúnculos. A fruta não deve ser colhida molhada ou quando as condições meteorológicas são desfavoráveis (alta humidade relativa ou ventos fortes e secos). O tratamento pós-colheita da fruta deve ser realizado o mais depressa possível após a colheita. Segue-se, posteriormente, a refrigeração que deve ser feita com a fruta já seca. Eventualmente os frutos poderão ser pré-calibrados e poderá ser aplicada cera de conservação. As condições de armazenamento são controladas, nomeadamente a nível da temperatura, da humidade relativa e das concentrações de CO2 .

Prunóideas (Cerfundão)

As principais características a considerar na perda de qualidade destas fruteiras de caroço, no decorrer do período pós-colheita, são a desidratação – e consequente perda de peso em água – e, por outro lado, o desenvolvimento de doenças de conservação. Para minimizar a perda de qualidade é crucial criar condições, para assegurar um controlo efetivo da temperatura, bem como da humidade relativa.

Na central fruteira como principais preocupações há que considerar: o arrefecimento rápido da temperatura da cereja e do pêssego à chegada, para permitir uma redução drástica da temperatura da polpa, para baixar a taxa de respiração e reduzir a perda de peso em água da fruta. No caso da cereja através de um banho em água gelada, no “hidrocooling”, e no caso dos pêssegos através de ar forçado em câmara de refrigeração. Posteriormente, há que a considerar a colocação da fruta em câmaras de conservação, com temperatura e humidade relativa, devidamente controladas até ser calibrada e embalada. Durante os processos de calibragem e embalamento estão criadas condições para que as oscilações térmicas sejam mínimas. No caso particular da exportação de cereja utilizam, no embalamento, sacos de atmosfera modificada para melhorar o período de vida útil pós-colheita, aproveitando a tecnologia introduzida nas características de fabrico dos materiais do próprio saco.

Em todo o período pós-colheita é fundamental que a manutenção da cadeia de frio seja uma realidade, desde a entrada na central fruteira até à expedição para os entrepostos das cadeias de distribuição.

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 45 da Revista AGROTEC, no âmbito do dossier "Pós-Colheita".

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