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Agrotec

Polimax: Serviços de polinização em pomoideae e prunoideae

A polinização é um processo natural imprescindível a uma produção frutícola de qualidade. O GO PoliMax enquadra-se neste contexto e tem como objectivo promover e aumentar a polinização entomófila (insectos domésticos e silvestres) pretendendo incrementar valor nutricional e, consequentemente, comercial dos frutos, favorecendo o reconhecimento da fileira frutícola (Pomoideae e Prunoideae), nacional e internacionalmente.

Polimax

Por: Rafael Carvalho1,2, Filipa Queirós3 Claudia Sánchez3, Rui de Sousa3 Maria do Carmo Martins2, Sílvia Castro2, João Loureiro2

A maior qualidade nutricional dos frutos associada a uma menor utilização de fitofármacos permitirá alcançar os níveis obrigatórios, e cada vez mais exigentes, de segurança alimentar e de saúde do consumidor (zero resíduos químicos). Paralelamente, a uniformização produtiva com a regularização de morfologias e calibres e maiores períodos de conservação permitirão aos produtores uma melhor adaptação às exigências do mercado.

Neste primeiro ano, os nossos resultados testemunham que a polinização entomófila (i) é indispensável à produção de frutos, (ii) à qualidade destes e (iii) à rentabilidade da fileira. Nos pomares e ano de estudo não houve evidência de défice de polinização. Ainda assim, foi evidente uma grande variabilidade nos Serviços de Polinização, elevada dependência dos polinizadores domésticos (abelhas melíferas) e, naturalmente, do seu desempenho: no pomar de cerejeiras (var. Folfer) o serviço de polinização foi feito quase exclusivamente por abelhas melíferas através da instalação de colmeias no pomar (n≈30); no pomar de pêra Rocha, a baixa atractividade do néctar pode ser responsável pela baixa actividade das abelhas melíferas e a ocorrência de partenocarpia pode ocultar o desempenho dos restantes polinizadores; nos pomares de macieira (vars. Reineta e Fuji), a elevada variabilidade dos frutos provenientes da polinização entomófila sugere uma eficiência variável dos Serviços de Polinização provavelmente devido ao comportamento poliléctico do seu principal polinizador, a abelha melífera.

Conclui-se que, embora os serviços de polinização tenham sido suficientes, os polinizadores mais comuns (domésticos) podem não ser os mais eficientes no Serviço de Polinização de cada uma das variedades estudadas.

Estes resultados fornecem parâmetros quantitativos e qualitativos dos Serviços de Polinização que serão explorados nos próximos anos no âmbito do GO PoliMax, favorecendo uma abordagem integrada da Ecologia Agrícola, das práticas agrícolas locais e dos objectivos da fileira.

Introdução

A polinização é um serviço dos ecossistemas vital ao funcionamento dos ecossistemas terrestres, desde os naturais aos sujeitos à gestão antrópica, como por exemplo, o ecossistema agrícola (Ollerton et al., 2011; Brittain et al., 2013; Potts et al., 2015).

É um processo natural vital ao aprovisionamento de alimentos afectando directamente o rendimento e qualidade de mais de 75% das culturas em todo o mundo, bem como a sua segurança alimentar (Zhang et al., 2007; Steward et al., 2014). Só no sector agrícola Europeu (UE) estima-se que o serviço de polinização seja responsável por cerca de 22 mil milhões de euros/anuais (Potts et al., 2015, Garratt et al., 2014; Lichtenberg et al., 2017).

A produtividade agrícola depende de uma polinização eficiente, que por sua vez depende da compatibilidade genética do pólen e, igualmente crucial, do transporte dos grãos de pólen das estruturas masculinas (anteras) até às estruturas femininas (estigmas) de plantas compatíveis. O transporte eficaz permite uma fecundação adequada dos óvulos e, consequentemente, um óptimo desenvolvimento do fruto (Quinet et al., 2016; Tacconi et al., 2016). É neste transporte que os polinizadores são indispensáveis.

Consequentemente, na agricultura o Homem necessitou de potenciar este processo para usufruir dos seus benefícios. No entanto, a polinização é um processo biológico complexo, intrínseco co e específico a cada espécie e variedade de planta. Com a polinização é desencadeada uma série de processos biofísicos e bioquímicos em inúmeras células e tecidos com taxas de desenvolvimento, estruturas e funções muito particulares.

Por exemplo, as sementes, como produto directo das duas células precursoras, são o depósito genético contendo toda a informação necessária à coordenação do progresso celular e formação do respectivo fruto (Quinet et al., 2016; Tacconi et al., 2016).

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 32

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1 Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências (COTHN – CC)

2 CFE – Centro de Ecologia Funcional, Universidade de Coimbra

3 Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. (ENFVN – INIAV, IP)