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Plantas a usar em coberturas verdes: características e fatores a considerar

Os grandes centros urbanos têm sofrido inúmeras alterações da paisagem nas últimas décadas por forma a albergar uma população cada vez mais crescente. As zonas verdes têm sido substituídas por construções provocando inúmeros problemas ambientais como o aumento da poluição, o efeito ilha de calor e inundações (em eventos de precipitação intensa) diminuindo a qualidade de vida nas grandes cidades. Assim, é urgente a procura de soluções baseadas na natureza (Nature-Based Solutions) para minimizar estes efeitos nefastos, e proporcionar a reposição de zonas verdes nos grandes centros urbanos.

Legenda: Cobertura verde extensiva com diferentes espécies de plantas.

As coberturas verdes (instalação de vegetação sobre uma laje construtiva) são um exemplo de soluções baseadas na natureza, cuja implementação tem aumentado nos últimos anos, dado a possibilidade de poderem ser aplicadas em construções já existentes.

VEGETAÇÃO NAS COBERTURAS VERDES

De uma maneira geral, as plantas a instalar neste tipo de estrutura, devem ser tolerantes a factores ambientais extremos e também nativas da mesma área geográfica, uma vez que são mais resistentes às condições ambientais desfavoráveis. Desta forma, para que a vegetação se estabeleça e desenvolva corretamente e de forma duradoura, é essencial uma adequada identificação e selecção de combinações de espécies de plantas mais adaptadas a usar em coberturas verdes, que maximizem os benefícios ecossistémicos deste tipo de construção de acordo com os factores condicionantes do local onde esta se encontra, nomeadamente:

• Microclima da cobertura (ex. clima de região – variação da temperatura e precipitação, exposição solar, intensidade do vento);

• Factores estruturais específicos que afetam a vegetação (ex. áreas ensolaradas, semi-ensombradas ou ensombradas, condições de circulação do vento).

Por outro lado, no processo de selecção das plantas a instalar nas coberturas verdes, é também importante ter em consideração as condicionantes próprias das espécies, tais como:

• Características específicas (ex. espécies sensíveis ou muito exigentes, porte, velocidade de crescimento, resistência a atmosferas salgadas);

• Tipo de uso que a cobertura terá;

• Tipo de manutenção disponível no futuro;

• Disponibilidade/ indisponibilidade de rega. 

As coberturas verdes podem ser classificadas em extensivas, semi-intensivas e intensivas de acordo com a altura da camada de substrato. As coberturas verdes extensivas são a tipologia mais comum, uma vez que apresentam uma camada de substrato menos profunda e por isso menor carga para o edifício, além de poderem ser construídas em edifícios já existentes. Exigem, por isso, uma cuidadosa selecção das espécies para que tenham um desenvolvimento correcto. Para isso é recomendável selecionar espécies de vegetação autóctone e espécies com sistemas radiculares de pouca profundidade e sem raíz pivotante, com boa capacidade de regeneração e com uma altura de crescimento normal inferior a 50 cm.

CONCLUSÃO

Em suma, o saudável desenvolvimento e crescimento da vegetação numa cobertura verde está fortemente dependente da escolha e selecção adequada dos diferentes grupos de espécies vegetais, bem como do método de implantação, necessidades de irrigação e monitorização da vegetação. Vários estudos científicos sugerem que uma mistura de diferentes espécies de vegetação cresce mais vigorosamente do que monoculturas, e é mais resistente às condições desfavoráveis que se fazem sentir nas coberturas, melhorando o desempenho da vegetação a longo prazo e aumentando os serviços ecossistémicos prestados pela cobertura verde às comunidades urbanas.

Desta forma, a selecção das espécies vegetais a colocar neste tipo de estruturas deve ser feita de forma muito cuidadosa, com o objectivo de garantir não só o estabelecimento inicial da vegetação na fase de pós-plantação, mas também a continuidade do revestimento vegetal na fase de desenvolvimento e manutenção. É por isso imprescindível que os estudos científicos se foquem na pesquisa e avaliação de combinações de diferentes espécies vegetais, principalmente no clima mediterrânico (onde ainda existem poucos dados) por forma a identificar as misturas de espécies de plantas mais resilientes e adaptadas a este tipo de estrutura no ambiente urbano.

Nota de Redação

Artigo publicado na edição n.º 41 da Revista Agrotec.

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