Pandemia atingiu em força setor de produção dos pequenos frutos
A crise da pandemia atingiu em força a produção de framboesas, mirtilos e amoras. Anteriormente, o volume de negócios rondava os 67 milhões de euros. Agora, a colheita decorre sob grande incerteza no Alentejo.
Numa reportagem da RTP que acompanhou as colheitas em diferentes empresas da região, ficaram notórias as dificuldades com que os produtos se debatem. A quebra na procura ronda os 25% mas, no campo, é preciso salvaguardar a nova campanha e proteger os trabalhos com cuidados sanitários.
A framboesa é um dos pequenos frutos mais afetados. O colapso do turismo, o encerramento de hoteís e de restaurantes fez encolher o mercado internacional. Por outro lado, o mercado nacional ainda não tem o hábito de consumir a framboesa de forma regular.
Atualmente, Luís Pinheiro, presidente da Lusomorango, destaca que os grandes riscos atuais passam por manter os pagamentos em dia aos trabalhadores e de «não conseguir ter as plantas num estado sanitário que permita continuar». «O grande risco, mesmo com quebras de continuidade de 20% a cada semana, são estes dois fatores», realça.
Quanto aos trabalhadores agrícolas, Luís Pinheiro destaca que estes enfrentam o desafio de forma corajosa. «Têm sido, também eles, uns heróis e têm incorporado um espírito de missão», dado que, realça, «a economia não pode parar». O futuro preocupa e é esperado um pós «bastante difícil».
Miguel Fialho, diretor de campo da Maravilha Farm, destaca que a colheita dos pequenos frutos é um trabalho «minucioso» e que exige muito cuidado por parte dos trabalhadores. De momento, existem trabalhadores de «14 ou 15 nacionalidades» a realizarem esta função. A maior parte dos supervisores da empresa também são de outras nacionalidades.
Os próprios trabalhadores destacam, ainda, os cuidados de higiene e segurança que as empresas têm implementado, mas que já existiam anteriormente, apenas não tão rigídos como a ocasião exige.
Quanto aos apoios governamentais para o setor dos pequenos frutos, por cada 100 quilos de fruta retirados, os produtores recebem, no máximo, 40% do seu valor de mercado. O apoio máximo atribuído às framboesas é de 309 euros por cada 100 quilos. A mesma quantidade de mirtilos pode valer um apoio de 205 euros, enquanto a produção de amoras tem direito a um apoio de 273 euros. Aos morangos pode ser atribuida uma ajuda máxima de 96 euros por cada 100 quilos.
Os frutos que não chegam ao mercado terão como destino a "distribuição gratuita às organizações caritativas". Em declarações ao Negócios, o presidente da Lusomorango, Luís Pinheiro, considera que o apoio «não resolve todos os problemas» do setor mas vai, ainda assim, «ajudar no imediato».