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Agrotec

Os estragos provocados pela cigarrinha verde na vinha

Atribui-se geralmente à exuberância das vinhas e da vegetação envolvente na Região dos Vinhos Verdes, o facto de a cigarrinha verde não ser motivo de especial preocupação. Considera-se que as populações se dispersam pela abundante vegetação, pelo que os efeitos da sua alimentação não causam prejuízos, ao contrário do que, por vezes, acontece no Alto Douro vinhateiro e no Alentejo.

Cigarrinha verde

Estas são regiões mais áridas, em que a vinha é quase a única fonte de alimentação das populações das cigarrinhas verdes. No entanto, no verão passado, foi possível observar necroses marginais nas folhas, que, em alguns casos, evoluíram para o interior do limbo, um pouco por toda a região e em castas diversas.

Procedemos à estimativa do risco, observando a face inferior de 100 folhas bem desenvolvidas por parcela, duas em cada videira X 50 videiras e registando o número de ninfas de cigarrinha verde presentes. Se, em alguns casos, podemos estabelecer uma relação entre o elevado número de cigarrinhas verdes observados e os sintomas nas folhas, noutros, não foi possível estabelecer a mesma relação.

Num destes casos, a uma elevada população de cigarrinha verde, não correspondia um aumento visível dos estragos, talvez pelo elevado vigor da vinha e por não ter sofrido stress hídrico. Pelo contrário, num outro local, mesmo com uma população relativamente baixa de cigarrinha verde, vimos observando, há vários anos, sintomas compatíveis com estragos causados por cigarrinha verde. Neste caso, a vinha observada, tem fraco desenvolvimento e sofre de stress hídrico frequentemente.

De um modo geral, nas diversas observações efetuadas, registaram--se níveis populacionais de cigarrinha verde abaixo do nível económico de ataque (50 ninfas/ 100 folhas).

O facto de o verão ter sido bastante seco, pode ter induzido maior stress hídrico e térmico nas videiras, resultando numa maior sensibilidade aos ataques de cigarrinha verde, mesmo com baixos níveis populacionais do inseto.

Os tratamentos obrigatórios contra a cigarrinha da flavescência dourada (S. titanus), utilizando substâncias que simultaneamente combatem a cigarrinha verde, podem ter contribuído para que esta não tenha provocado estragos mais elevados.

Artigo baseado na Circular n.º 19 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.