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Agrotec

O papel da alfarrobeira no mercado voluntário de carbono em Portugal

Por: Pedro José Correia, Maribela Pestana

MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento e Laboratório Associado CHANGE, Universidade do Algarve, Faculdade de Ciências e Tecnologia

INTRODUÇÃO

A alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.; família Fabaceae) é uma espécie arbórea particularmente adaptada ao défice hídrico e a solos marginais com pouca matéria orgânica. Em Portugal é cultivada essencialmente no Algarve, mas a sua área tem vindo a expandir-se também no Baixo Alentejo. Durante décadas a cultura foi conduzida, essencialmente, em regime de sequeiro, em pomares irregulares e em consociação com a amendoeira, oliveira e figueira, constituindo o pomar tradicional de sequeiro. Neste agro-sistema as densidades de plantação são muito baixas (< 70 árvores por hectare) e as produções muito irregulares devido à ausência de rega e fertilização mineral.

A alfarrobeira apresenta diferentes mecanismos morfológicos e fisiológicos de adaptação a stress abiótico e, por isso, pode ser facilmente explorada em diferentes condicionalismos ambientais com recursos mínimos e baixos inputs (rega, fertilização e tratamentos fitossanitários). Neste sentido, pode ser considerada uma espécie florestal, que tem um papel benéfico nestes ecossistemas, pois permite incrementar o teor de matéria orgânica ao solo e assegurar a manutenção do coberto vegetal. Aliás, foi através dos apoios sucessivos dos programas florestais, que foi possível expandir a cultura da alfarrobeira para os solos da serra Algarvia, contrariando, assim, as tendências crescentes de desertificação ambiental, humana e social.

Nos últimos anos, a cultura sofreu uma notável reapreciação a todos os níveis, face ao interesse renovado nas utilizações do fruto (alfarroba) para a alimentação humana. Neste campo todos os anos têm vindo a surgir novos compostos obtidos quer da polpa, quer da semente (grainha), com aplicações nas indústrias alimentar (pela elevada qualidade), farmacêutica e cosmética. Atualmente, os novos pomares são desenhados com densidades mais altas (entre 200 e 400 árvores por hectare) sendo aplicada rega, ou fertirrega, desde o momento da instalação (Figura 1). A monitorização do estado nutricional das árvores em plena produção pode ser efetuada com base na análise de terras e na análise foliar existindo já um conjunto de normas publicadas (https://www.iniav.pt/images/publicacoes) e valores de referência nutricional para avaliar os planos de adubação. Nestes novos pomares, a produção, ao fim de 10-15 anos após a enxertia, pode atingir 7.000 a 9.000 kg por ha de alfarroba.

Artigo publicado na edição n.º 47 da Revista AGROTEC.

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