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Agrotec

Nutriprado promove conversas com personalidades do setor

A Nutriprado promoveu uma nova conversa com uma personalidade do setor, o Engenheiro Luís Bulhão Martins, administrador da Cersul - Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul S.A. O Engenheiro Vasco Abreu representou a Nutriprado.

Nutriprado

Luís Bulhão Martins iniciou a sua intervenção por agradecer o convite à Nutriprado, realçando que «parar para refletir» nesta fase é algo positivo, daí a importância da iniciativa. Após a apresentação inicial, o administrador da Cersul apresentou a entidade. A Cersul, Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul S.A. foi o primeiro agrupamento de produtores de cereais e oleaginosas do país a ser constituído. A entidade é responsável pela recepção, condicionamento e comercialização de cereais e oleaginosas, para além de funcionar como Central de Compras de factores de produção e prestação de serviços. 

Em seguida, o administrador abordou o tópico da distância que existe entre a região e a indústria. «Nós estamos muito distantes da indústria transformadora de cereais, nomeadamente, dos cereais de grande valor», como a transformação do trigo duro e as fábricas de grande malte. «Na zona, temos uma ou outra fábrica de rações e temos alguma proximidade com Espanha, onde grandes operadores ao nível do comércio nos dão, muitas vezes, a possibilidade de negociar melhores condições», conta.

«O desaparecimento da agroindústria do Alentejo interior é um drama que nos retira enorme competitividade», aponta. «O futuro da indústria agroalimentar nacional passou a ser a exportação, colocaram-se todas as fábricas junto aos portos, junto ao mar, e o Alentejo está a uma distância que tem custo tão elevado como trazer cereais de grandes centros produtores», explica, exemplificando que levar cereais do Alentejo até ao Porto custa tanto como importar cereais de Bordéus. 

Sobre as novas tecnologias presentes no mercados e as parcerias, Luís Bulhão Martins acredita que existiu um «franco progresso» nos últimos anos em relação às parcerias com as empresas detentoras ou comercializadoras de novas variedades, com as associações produtoras e com o estabelecimento e introdução de listas de variedades recomendadas. «Quer a ANPOC, quer a ANPROMIS, quer as organizações dos produtores, quer o comércio e a investigação propriamente dita, onde devemos destacar o INIAV, agem como "travões" ao descalabro total para onde caminhava a produção de cereais nacional», defende, apelando à constante estimulação do setor e apoios aos produtores de cereais. 

«Os cereais fazem muita falta, não só como membros importantes na diversidade cultural, como culturas importantes para as explorações agrícolas, que vivem, hoje em dia, em economia circular», aponta, dando o exemplo das explorações animais. Luís Bulhão Martins acrescenta, ainda, a importância dos cereais para a diversidade, cadeias curtas e paisagens.

Luís Bulhão Martins entende ser essencial apostar nos produtos de alto valor, como cereais, trigos de baixo pesticidas e com elevada qualidade para a indústria. «Finalmente, e a ganhar algum volume nos três ou quatro anos mais recentes, a produção biológica de cereais e de cereais sem glúten», destaca. O administrador da Cersul considera importante a «sensibilização» para a produção europeia, acreditando que a pandemia sanitária trouxe a ideia de que é necessário «melhorar os níveis de autoprovisionamento regionalmente». 

«A agricultura portuguesa tem uma balança comercial francamente desiquilibrada», expõe. «Há muitos anos que se persegue a ideia de equilibrar a balança comercial em valor, mas estamos muito atrasados para atingir esse objetivo. Eu acredito que temos que lutar por garantias de apoio ao rendimento que nos coloquem em igualdade de circunstância com os nossos parceiros em situações mais favorecidas. Acredito que devemos lutar por políticas que contrariem o abandono, sendo que, a melhor maneira de contrariar o abandono é entregar interesse económico às atividades», realça. 

Aquando do debate com os participantes no evento, o convidado abordou, ainda, a nova Estratégia Do Prado ou Prato, mencionando temáticas como a renovação geracional e a neutralidade carbónica. 

As próximas reuniões estão agendadas para a próxima quinta-feira, dia 4 de junho, com o Engenheiro José Manuel Abreu, e para dia 18 de junho, com a Engenheira Paula Cruz de Carvalho, da DGAV. Pode aceder às reuniões anteriores, com o Engenheiro Francisco Abreu e o Engenheiro Benvindo Maçãs, no canal de youtube da Nutriprado

A Nutriprado é uma empresa pioneira no apoio especializado para a instalação de prados. O seu objetivo passa por dar, na medida do possível, elementos de esclarecimento para que os agricultores possam escolher da melhor maneira as suas variedades.