“Morango. Haverá Fileira em Portugal?” é o mote do debate dia 18 de março
Por: Maria da Graça Palha do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
O morango é um fruto apreciado pelos consumidores pelo seu sabor, fragrância e pela aparência estética que, associada às suas cores apelativas em tons avermelhados ou alaranjados, o tornam altamente apetecível. Com alto valor nutricional e rico em compostos antioxidantes, os morangos fazem parte do grupo de alimentos saudáveis, verificando-se uma procura cada vez maior e sendo o consumo em fresco a forma mais privilegiada.
A cultura do morangueiro constitui uma importante fileira produtiva do ponto de vista tecnológico, económico e social. A disponibilidade de maior número de cultivares e o grau de especialização das técnicas de produção nas diferentes regiões de produção do mundo contribuíram para a enorme expansão da cultura. Em 2019, a produção mundial atingiu 9 milhões de toneladas (FAOSTAT, 2021). A curto prazo, prevê-se que o consumo de morango continue a aumentar, face a uma população crescente e à tendência atual da procura de alimentos saudáveis pelos consumidores nos mercados desenvolvidos (EUA e Europa), estimando-se que o mercado atinja o valor de 11,5 milhões de toneladas em 2025.
Em Portugal, o morangueiro cultiva-se de norte a sul do país e as diferentes regiões de produção possuem aptidão para fornecer o mercado em segmentos específicos ou durante o ano inteiro. A estrutura produtiva é dominada por produtores de pequena e média dimensão focados essencialmente no mercado nacional. Existe, no entanto, um número de produtores de maior dimensão, com um peso significativo na fileira do produto, possuindo estruturas empresariais bem implementadas, em que parte da produção é para exportação.
O interesse pela cultura verificou-se desde os anos 60 do século passado, com a introdução das cultivares californianas, que foi aumentando nos anos 70 e 80, atingindo a cultura o seu auge de importância na década de 90. Posteriormente, a área nacional decresceu gradualmente, estando estabilizada desde 2015 nos 400 ha. Contudo, em 2020, notou-se um renovado interesse pela cultura, atingindo esta uma ocupação de 890 ha.
Ao contrário dos outros pequenos frutos, que têm demonstrado uma forte dinâmica, Portugal encontra-se estagnado no setor do morango, ocorrendo um desinvestimento gradual na cultura, à exceção de algumas empresas produtoras com tradição no cultivo deste fruto. Contudo, o consumo português não tem abrandado, o que obriga a grandes volumes de importação.
Assim, várias questões se levantam. Haverá fileira de morango em Portugal? Que futuro se poderá desenhar para o setor? A produção em montanha é uma alternativa para dinamizar o interior e aumentar a produção local e o consumo a nível nacional?
Em maio do ano passado, durante a realização do VI Colóquio Nacional da Produção dos Pequenos Frutos, ficou também bem patente a necessidade de analisar e debater a fileira do morango, pelo que foi decidido realizar um evento especificamente para este fruto, à semelhança do que tem sido feito com os outros pequenos frutos (mirtilo e framboesa). Assim, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, I.P.) conjuntamente com a Hortitool Consulting Lda. e o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN-CC), decidiram organizar o Seminário “Morango. Haverá fileira em Portugal?”, com objetivo de reunir diversos atores nacionais e estrangeiros, desde viveiristas, empresas produtoras, técnicos até às empresas de distribuição, no sentido de discutir com empenho o futuro da fileira e identificar os principais estrangulamentos com que a fileira hoje se depara e quais as oportunidades que se abrem.
Os temas em debate abordarão o estado da fileira, o setor viveirista (plantas e variedades) e a inovação e competitividade da produção à escala nacional e global.
A ação decorrerá no dia 18 de março no auditório do INIAV, em Oeiras. O seminário contará com um painel de oradores diversificados.