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Agrotec

Manifestação histórica em Sevilha: Mais de 16 000 agricultores espanhóis reclamam sobre os preços agrícolas

Durante esta terça-feira, dia 25 de fevereiro, milhares de agricultores cortaram completamente, com mais de 5 000 tratores, três das quatro estradas de Sevilha. Há semanas que a tensão tem vindo a aumentar no seio dos agricultores espanhóis, que não estão a receber o feedback pretendido do governo.

Foto: Agroinformación

Os convocadores agradeceram o amplo apoio à primeira greve agrícola na província de Sevilha, dentro do calendário iniciado pelo movimento #AgricultoresAlLímite.

Os produtores sevilhanos levantaram a voz em uníssono e exigiram preços decentes para a produção agrícola e pecuária, além do equilíbrio na cadeia alimentar e maior controlo das importações de países terceiros.

Estes também demonstraram desconforto com as administrações devido à falta de soluções solventes para os problemas que o setor tem vindo a alertar há muito tempo e exigem políticas eficazes que contribuam para reduzir os custos das explorações e defender a sustentabilidade de um setor estratégico para a economia. Estes afirmam que as suas reinvindicações devem ser ouvidas, uma vez que o setor agrícola não apenas gera emprego e riqueza estáveis, mas também garante produções seguras e de qualidade e contribui essencialmente para a manutenção do ambiente rural e do espaço natural.

Os agricultores espanhóis relembram a baixa rentabilidade da qual cada vez mais sofrem certas culturas, como é o caso azeite, azeitona de mesa, frutas cítricas, cereais, pecuária, entre outros. Enquanto os preços caem, os custos de produção aumentam.

Além disso, criticam os desequilíbrios da cadeia alimentar, uma vez que o preço pago pelo consumidor é muito superior ao percebido pelos produtores. Da mesma forma, eles apontam os efeitos nocivos que os ataques injustificados à produção e exportação de alimentos agroalimentares estão a ter, como o veto russo, o Brexit ou as tarifas dos EUA.

Baixos preços agrícolas - Um fenómeno mundial com margem de manobra por parte dos governos

Monitorizar as práticas desleais, alcançar um mercado mais transparente ou garantir o cumprimento de contratos são alguns pontos que podem ser reforçados para evitar a baixa dos preços agrícolas e que os governos europeus podem colocar em prática.

O especialista da Universidade Politécnica de Valência, José María García Álvarez-Coque, apela a agrupar os produtores «em grandes organizações, capazes de incorporar valor agregado nas fases de marketing e negociar as condições contratuais com a grande distribuição», mesmo que seja um «longo caminho a percorrer».

Segundo o economista agrário Tomás García-Azcárate, a relação é «tensa» entre a concorrência europeia e as políticas agrícolas. Por um lado, ele argumenta, «pretende-se estruturar a cadeia alimentar e chegar a acordos para criar valor e distribuí-lo»; e, por outro lado, «existe concorrência máxima para garantir que os preços ao consumidor sejam razoáveis».

García-Azcárate salienta que medidas podem ser tomadas no campo da concorrência, sem custos orçamentais, e que estas não aparecem como subsídio em nenhum dos fundos da OMC.

Diante desse fenômeno, ele diz que «a França foi além da Espanha, inclinando a balança para o lado da agricultura» e dá um exemplo da multa milionária que o país acabou de impor a várias redes de supermercados por não respeitarem as regras nas negociações com os fornecedores

Em França, os agricultores protestam contra o abandono que alegam sofrer há algum tempo, enquanto na Alemanha os protestos estão mais relacionados aos esforços ambientais exigidos pelas autoridades.

FONTE: Agroinformación