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Agrotec

Jardim Botânico do Porto mitiga efeitos de praga e doenças das plantas - Tabelas complementares

O Jardim Botânico da Universidade do Porto, pertença dos portugueses, acarinhado pelos portuenses e usado pelo publico anónimo é administrado pelo Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. É lugar de aulas e estudos científicos e, na sua gestão, procura-se incorporar novos conhecimentos da ciência e da experiência, numa paisagem cultural de elevada evocação estética e referencial. Com esta publicação divulgamos o que consideramos serem boas práticas a fim de contribuir para o debate sobre a fitossanidade em espaços públicos em Portugal.

Texto por: Teresa Matos Fernandes1, 2, 4 Paulo Farinha Marques1, 2, 4 Ana A.R.M. Aguiar 1, 3

1 - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

2 - CIBIO-InBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos

3 - GreenUPorto, Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável

4 - Jardim Botânico da Universidade do Porto

TABELA 1

 

COLEÇÕES

PRAGAS E DOENÇAS MAIS COMUNS

Nome comum (Nome científico)

ORGÃO OU PARTES DA PLANTA AFETADOS

 

ESTRAGOS

 

SINTOMAS

FACTORES QUE BENEFICIAM O ATAQUE

 

BOAS PRÁTICAS DE CULTIVO

 

MEIOS DE LUTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BUXO

 

 

Traça-do-buxo (Cydalima perspectalis )

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Folhas

 

 

Desfoliação total ou parcial e morte da planta em caso de ataque severo

 

 

Folhas ruidas ou existência de aglomerados de folhas secas, teias ou lagartas.

 

 

Temperaturas entre os 15°C e os 25°C entre março e setembro.

 

Monitorização dos picos de voo dos adultos com a colocação de armadilhas com feromonas. Monitorização dos estragos e da existência de lagartas ou fios de seda, entre os meses de março e julho.

 

Bacillus thuringiensis , com duas subespécies: kurstaki e aizawai , adicionando açúcar na calda.

 

Ácaros (Eurytetranychus buxi)

 

Diminuição do vigor vegetativo.

Folhas com picadas amareladas ou acinzentadas. Em caso de ataque severo a planta fica com coloração acobreada.

 

Temperaturas quentes.

 

Adubação com quantidades moderadas de azoto.

 

Enxofre

 

 

 

Míldio-do-buxo (Cylindrocladium buxicola )

 

 

 

Desfoliação total ou parcial e morte da planta em caso de ataque severo

 

Folhas com manchas, de cor castanha com halo mais escuro. Em condições de humidade elevada poderão observar-se, na página inferior da folha, massas de esporos de cor branca. Nos raminhos podem observar-se listas negras e fendilhamento.

 

 

Humidade relativa do ar elevada, temperaturas amenas ou após chuvadas.

 

Remover as folhas caídas e a parte superficial do solo na proximidade de plantas doentes. Regar sem molhar as folhas. Adubação durante a primavera com poucas quantidades de azoto. Arrancar e queimar as plantas mortas e os ramos afetados.

 

Fungicidas com princípios ativos azoxistrobina, mancozebe, difenoconazol, combinação de boscalide, miclobutanil, penconazol e piraclostrobina, quando aplicado alternadamente.

 

 

Ferrugem-do-buxo (Puccinia buxi )

 

 

Desfoliação das folhas infetadas, em caso de ataque severo

Folhas com pequenas pontuações alaranjadas de contorno irregular e na sequência do desenvolvimento originam pústulas castanhas- escuras e purulentas na página inferior das mesmas folhas.

 

 

 

 

Enxofre

Podridão-das-raízes (Phytophthora sp.)

 

 

 

Sistema radicular

 

 

 

Morte parcial ou total da planta

Folhas onduladas com as margens enroladas para dentro e mudando de verde-escuro para uma tonalidade palha.

Encharcamento do solo junto ao colo da planta.

Minimizar a humidade no solo com regas cuidadas e promoção da drenagem do solo.

 

Rega com fosetil-alumínio

 

Cancro-do-buxo (Volutella buxi )

Existência de frutificações rosadas nas folhas e nos ramos, folhas de cor de bronze ou de palha, ou falta de vigor no seu desenvolvimento de primavera.

 

Promover a circulação do ar e a penetração da luz, corte dos ramos infetados. Remoção de todas as folhas e resíduos que se tenham acumulado dentro da sebe.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAMÉLIAS

 

Ácaros (Cosetacus camelliae )

 

Ápice vegetativo e botões flora

Sépalas e pétalas secas e queda prematura dos botões, em caso de ataque severo.

Botões florais com bordos e escamas exteriores um tom acastanhado.

 

Temperaturas quentes.

 

Adubação com quantidades moderadas de azoto.

 

Enxofre

Cochonilhas (Chloropulvinaria floccifera )

 

Tronco, ramos e folhas

Quando o ataque é severo pode originar fortes ataques de fumagina.

Existência de cochonilha nos troncos, ramos e página inferior das folhas. Ataque indireto de "fumagina".

 

Planta com muito vigor vegetativo.

 

Adubação com poucas quantidades de azoto.

 

Óleo parafínico.

 

 

 

Afídios

 

 

 

Folhas e botões florais

 

 

Queda das folhas infetadas e perda de vigor vegetativo.

 

 

Deformação e enrolamento em espiral das folhas. Ataque indireto de "fumagina".

 

 

Planta com muito vigor vegetativo e temperaturas amenas.

 

 

Adubação com poucas quantidades de azoto. Promover a existência de insetos auxiliares.

 

 

 

Azadiractina ou sabão potássico.

 

 

Podridão-das-flores (Ciborinia camelliae )

 

 

 

Flores

 

 

Murchidão e queda prematura das flores.

 

Flores com manchas castanhas nas pétalas. Em poucos dias todas as pétalas ficam castanhas e com textura húmida. Observa-se, na parte interna da corola, na zona de união do cálice, um anel formado por micélio cinzento.

 

 

 

Assegurar o bom arejamento da parte basal dos arbustos, podando os ramos mais próximos do solo e eliminando as infestantes.

 

 

 

Podridão-das-folhas (Pestalotia guepinii )

 

 

 

Folhas, botões florais e gomos

 

 

Apodrecimento das folhas, botões florais e gomos vegetativos.

 

Folhas com manchas, inicialmente de cor castanha, que se expandem principalmente para o ápice e bordos dos limbos, evoluindo para cor prateada surgindo diminutos pontos negros repartidos sobre manchas prateadas.

 

 

 

 

 

Fungicida com princípio ativo mancozebe.


 

 

Podridões radiculares e do lenho (Phytophthora cinnamomi e Armillaria spp. )

 

 

Sistema radicular

 

Morte da planta e contágio das plantas da mesma espécie na proximidade.

 

Amarelecimento das folhas, desfoliação dos ramos e, numa fase adiantada da doença, ramos secos a casca do tronco solta.

 

Solos encharcados e compactados. Presença de restos de plantas que morreram infetadas com a doença.

 

Remover e queimar raízes e outros restos vegetais de plantas preexistentes que possam existir no solo. Evitar os terrenos muito húmidos e encharcados

 

 

Gesso (dose de 350 gr/m2) e casca de pinheiro (dose de 1,5 a 2 Kg/m2) na cova.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CITRINOS

 

 

Cochonilhas (Planococcus citri, Lepidosaphes beckii , Icerya purchasi e Aonidiella aurantii )

 

 

 

Tronco, ramos e folhas

 

 

Descoloração das folhas e frutos, diminuição do vigor vegetativo. Quando o ataque é severo pode originar fortes ataques de fumagina.

 

 

 

Existência de cochonilha nos troncos, ramos, folhas e frutos. Ataque indireto de "fumagina".

 

 

 

Plantas com muito vigor vegetativo.

 

 

Adubação com poucas quantidades de azoto. Podas pouco severas. Promoção do aparecimento de insetos auxiliares. Numa fase inicial do ataque, pode-se apenas remover e limpar as folhas em que se observe a sua presença.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Óleo parafínico. Aplicar apenas depois da floração. Regar bem antes da aplicação.

 

 

Mosquinha-branca (Aleurothrixus floccosus )

 

 

 

 

 

Folhas

 

A fumagina pode diminuir a capacidade fotossintética das folhas.

 

Existência de melada e secreções cerosas na página inferior da folha e, consequentemente, o ataque indireto de "fumagina".

 

 

Eliminar ramos ladrões, não destruir os ramos podados imediatamente após a poda para permitir a emergência dos parasitoides.

 

 

Psila-africana (Trioza erytreae )

 

É vetor da bactéria causadora da doença conhecida como citrus greening disease (Candidatus Liberibacter africanus).

 

 

Depressões (galhas) que vão crescendo à medida que as folhas se desenvolvem, deformando-as.

 

 

 

Promoção do aparecimento de insetos auxiliares.

Cortar e queimar de imediato os ramos com sintomas da praga.

 

 

 

Afídeos (Aphis spp.) e afídios-negros (Toxoptera citricida)

 

 

 

Folhas, botões florais e gomos

 

Diminuição do vigor vegetativo. Deformação das folhas e a fumagina, podem diminuir a capacidade fotossintética das folhas. Estes insetos podem ser vetores de vírus.

 

Existência de colónias na página inferior das folhas, nos lançamentos e nos botões florais, mas sempre em órgãos em desenvolvimento. Deformação e enrolamento em espiral das folhas. Ataque indireto de "fumagina".

 

 

 

Planta com muito vigor vegetativo e temperaturas amenas.

 

 

 

Adubação com poucas quantidades de azoto. Podas pouco severas. Promoção do aparecimento de insetos auxiliares.

 

 

 

Azadiractina

 

 

Míldio (Phytophthora hibernalis )

 

 

Folhas e frutos

 

 

Apodrecimento dos frutos e manchas nas folhas.

 

 

Folhas e frutos com manchas acinzentadas.

 

Humidade relativa do ar elevada, temperaturas amenas ou após chuvadas.

 

Minimizar a humidade no solo com regas cuidadas e promoção da drenagem do solo. Manutenção da vegetação herbácea baixa e poda para evitar ramos grandes.

 

 

Calda bordalesa

 

 

Gomose-parasitária (Phytophthora citrophthora )

 

 

 

Colo e tronco

 

 

Produção de frutos pequenos, ramos secos, progressivo enfraquecimento e morte da planta.

 

 

Feridas no colo e tronco com fendilhamento da casca, exsudação de goma castanha, amarelecimento e queda de folhas e frutos.

 

 

Encharcamento do solo junto ao colo da planta.

 

Remover os tecidos afetados até à parte sã. Minimizar a humidade no solo com regas cuidadas e promoção da drenagem do solo e evitando encharcamentos junto ao colo. Limpeza das ervas junto do colo. Cortar os ramos inferiores da copa.

Desinfetar as lesões nos ramos e tronco.

 

 

Aplicar uma pasta à base de cobre nas áreas infetadas, sob a forma de sulfato de cobre e cálcio (mistura bordalesa).

 

 

 

 

 

 

Afídio-verde (Macrosiphum rosae )

 

 

 

 

 

Folhas e botões florais

 

 

 

Diminuição do vigor vegetativo. Deformação das folhas e a fumagina, podem diminuir a capacidade fotossintética das folhas.

 

 

 

 

 

Deformação e enrolamento em espiral das folhas. Ataque indireto de "fumagina".

 

 

 

 

 

Planta com muito vigor vegetativo e temperaturas amenas.

 

 

 

 

 

Adubação com quantidades moderadas de azoto. Promoção do aparecimento de insetos auxiliares.

 

 

 

 

 

Azadiractina


 

 

ROSEIRAS

 

 

Cercosporiose (Cercospora rosicola ) e black-spot (Diplocarpon rosae )

 

 

 

Folhas, caule e botões florais

 

 

Desfoliação e abortamento das flores.

 

 

Folhas, raminhos novos, pedúnculos das flores e botões com manchas necrosadas negras.

 

Encharcamento ou muita humidade do solo junto ao colo da planta e humidade relativa do ar elevada.

 

 

Apanhar e retirar as folhas com sintomas caídas e as mais atacadas que ainda não tenham caído e queima destes residuos. Não molhar a folhagem com a rega, regando pelo

 

 

Enxofre e fungicidas com principios ativos miclobutanil, tebuconazol, entre outros.

 

 

Oídio (Sphaerotheca pannosa )

 

 

Folhas e botões florais

 

 

Desfoliação e abortamento das flores.

 

 

Folhas e botões florais com machas e com um esbranquiçado.

 

Humidade relativa do ar elevada, temperaturas amenas ou após chuvadas.

 

Evitar plantar em locais sombrios e húmidos. Promover a circulação de ar. Adubações com poucas quantidades de azoto. Remoção dos ramos e folhas mortas do local. Podar ramos muito infetados.

 

 

 

 

 

Enxofre

 

 

Ferrugem (Phragmidium )

 

 

Folhas

 

Diminuição do vigor vegetativo e desfoliação em caso de ataque severo.

 

Folhas com manchas amareladas na página superior e com manchas mais claras e pústulas, de onde sai um alaranjado, na página inferior.

 

 

 

Corte e queima de tecidos vegetais afetados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VINHA

Flavescência-dourada (Candidatus phytoplasma vitis ) e cigarrinha-da- flavescência-dourada (Scaphoideus titanus )

 

 

Toda a planta

 

Diminuição do vigor vegetativo, podendo acabar em morte da planta.

Folhas enroladas, descoloradas e com tonalidades amareladas ou avermelhadas, acabando por secar e ficar quebradiças. Dessecação das inflorescências e emurchecimento dos bagos.

 

 

No fim do verão os pés infetados devem ser marcados para serem arrancados durante o inverno. A lenha de poda com mais de dois anos deve ser queimada.

 

 

Inseticida indicado pelos Avisos Agrícolas

 

Cochonilha-algodão (Planococcus citri )

 

 

Tronco, ramos e folhas

Descoloração das folhas e frutos, diminuição do vigor vegetativo. Quando o ataque é severo pode originar fortes ataques de fumagina.

 

Existência de cochonilha nos troncos, ramos, folhas e frutos. Ataque indireto de "fumagina".

 

 

Monitorização da presença da praga. Descasque das cepas onde se observe a praga.

 

 

Óleo parafínico.

 

Míldio (Palsmopara viticola )

 

Folhas e cachos

 

Queda prematura das folhas e destruição das inflorescências.

Folhas com manchas de óleo na página superior e correspondente mancha branca pulverulenta na página inferior, e cachos com manchas de bolor branco que evolui em necrose.

 

 

 

Humidade relativa do ar elevada, temperaturas amenas ou após chuvadas.

 

 

Minimizar a humidade no solo com regas cuidadas e promoção da drenagem do solo. Eliminação dos orgãos afetados. Arejar a planta através da poda e colocação no sistema de condução. Gestão do vigor da planta com adubações com pouca quantidade de azoto e podas controladas.

 

Calda bordalesa

 

Oídio (Uncinula necator )

 

Folhas, inflorescências e fruto

Desfoliação, abortamento das inflorescências e apodrecimento dos frutos.

 

Folhas e bagos com machas e com um esbranquiçado.

 

Enxofre

 

 

Poridão-cinzenta (Botrytis cinerea )

 

 

Folhas, caule e frutos

 

Desfoliação e apodrecimento dos frutos.

 

Folhas e caules e frutos com manchas castanhas ou castanho avermelhadas, de forma irregular, podendo apresentar cinzento sobre as manchas.

Temperaturas entre os 15 e os 25ºC, encontrando o ótimo entre os 18 e os 20ºC, e humidade relativa elevada.

Minimizar a humidade no solo com regas cuidadas. Gestão do vigor da planta com adubações com pouca quantidade de azoto e podas controladas. Na poda de inverno, as varas com manchas escuras devem ser cortadas e queimadas.

 

 

Calda bordalesa

 

Síndrome de ESCA

 

Toda a planta

Diminuição do vigor vegetativo, podendo acabar em morte da planta.

Folhas com manchas amarelas ou vermelhas e depois necrosadas nas margens, e entre as nervuras, e os bagos com pontuações e necroses arroxeadas.

 

 

Podas pouco severas e feitas com tempo seco e sem vento. A lenha de poda com mais de dois anos deve ser queimada.

 

 

TABELA 2






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Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 43 da Revista AGROTEC, no âmbito do Dossier "Produção de batata".

Para aceder à versão integral, solicite a nossa edição impressa.

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