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Forestis defende associativismo como prioridade na reforma das florestas

A Forestis - Associação Florestal de Portugal defende que o apoio ao associativismo florestal seja um eixo prioritário da anunciada reforma das florestas, a ser realizada pelo Governo.

Entende esta Federação que agrega 31 associações florestais sub-regionais e 17.000 proprietários e gestores de áreas comunitárias, «que sem os detentores de 97% da floresta apoiados e mobilizados, nenhuma politica florestal terá sucesso, porque só estes podem operar no terreno a alteração do paradigma do ordenamento e gestão florestal, tão importante para o País».

Por isso, propôs ao Governo um Programa Mobilizador da floresta privada e comunitária, sob a forma de Contratos-Programa, plurianuais, com duração de 5 anos, financiado pelo Fundo Florestal Permanente, a celebrar pelo Estado e as Associações Florestais que estão no terreno, que permita apoiar a mobilização dos proprietários para se associarem em Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), elaborarem o cadastro das suas propriedades florestais, implementarem a gestão e medidas de defesa da floresta contra incêndios, ou a certificarem a gestão sustentável da floresta minifundiária e dos produtos florestais, essenciais para industria florestal exportadora.

A direção da Forestis refere que «esta proposta, é consensual, está em linha com os objetivos do programa do Governo, que prevê a reforma do setor florestal através do apoio ao associativismo florestal e às ZIF, bem como os da Estratégia Nacional para as Florestas (2015) ou as recomendações do estudo prospetivo do setor florestal, publicado em 2014, pela AIIF - Associação para a competitividade da fileira florestal. Todos estes documentos estratégicos defendem um papel central do associativismo florestal para a necessária alteração estrutural da floresta portuguesa».

«Já para não falar na Lei de bases, de 1996, que prevê a promoção da gestão do património florestal nacional, através do ordenamento das explorações florestais e da dinamização e apoio ao associativismo, que infelizmente está ainda por concretizar. Até o Programa para o Desenvolvimento do Interior, recentemente apresentado, chama a atenção para a “importância de aumentar as áreas abrangidas por zonas de intervenção florestal (ZIF), em especial a norte do Tejo”, território com maiores dificuldades estruturais na floresta e que tem sido menos apoiado», acrescenta a direção da Forestis.

O Programa Mobilizador da floresta privada e comunitária, proposto ao Governo é, na opinião da Forestis, «essencial para a inverter o ciclo vicioso e dispendioso de incêndios, que só em combate custou, este ano, ao país, cerca 150 milhões de euros, e para interromper a perda de floresta ao ritmo de 10.000 hectares/ano, a diminuição, em 20 anos, de 17 milhões m3 de madeira essencial para a industria de base florestal , bem como a perda de postos de trabalho no setor. Segundo estudos setoriais, entre 1995 e 2011 passamos de 225.000 para 65.939 empregos no setor florestal, ou seja, uma perda de 150.000 postos de trabalho».

Em relação ao financiamento deste Programa Mobilizador para Floresta, a Forestis sublinha que «o que está em causa em termos de financeiros é muito modesto, representa menos de 10% do que se gasta todos os anos no combate a incêndios, com a vantagem de ser um investimento reprodutivo com que se pretende construir com os proprietários, e não contra eles, uma floresta mais organizada, resiliente e produtiva, criando economia e emprego, sobretudo nas áreas rurais, e melhorando o ambiente e a qualidade de vida de todos os portugueses».

Se não houver recetividade para acomodar este Programa na Reforma das Florestas, a Forestis teme que «a rede de técnicos florestais presente nas associações, seja desestruturada nos próximos 3 anos e se assim for o País fica sem resposta no terreno para os proprietários florestais e desmobilizar-se-iam centenas de dirigentes voluntários que lideram estas associações, levando-as à extinção no médio prazo».