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Agrotec

UE aponta fragilidades da Agricultura Portuguesa

Num tempo em que os agricultores em toda a europa enfrentam grandes mudanças determinadas pela pressão dos mercados, a agricultura portuguesa continua a registar sérias deficiências em muitos domínios, como aponta o mais recente estudo financiado pela Comissão Europeia que tem a participação de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Liderado pela Universidade alemã de Hohenheim, neste estudo, conhecido por PRO AKIS, uma equipa da UTAD é responsável pelo inventário dos Sistemas de Conhecimento e Informação para a Agricultura (AKIS) em Portugal, Espanha, Chipre, Grécia, Itália e Malta. Esta equipa, dirigida pela docente e investigadora Lívia Madureira, coordenou os 12 casos estudo que observaram em detalhe fluxos de conhecimento na agricultura e o papel dos sistemas de aconselhamento em vários países europeus, sendo responsável pela sua análise e síntese comparativa.

O inventário do AKIS português evidenciou – segundo Lívia Madureira – a centralidade das organizações de agricultores na prestação de serviços de aconselhamento agrícola e o desinvestimento público neste domínio. Uma característica negativa do AKIS português é a sua fragmentação por múltiplas organizações sem que existam estruturas de coordenação que imprimam eficácia à sua ação. O declínio do setor público neste domínio traduz-se em importantes lacunas na geração de conhecimento aplicado e na escassez de aconselhamento técnico de qualidade. A geração, conversão e partilha de conhecimento está muito dependente da capacidade dos agricultores se organizarem de forma a envolverem investigadores e técnicos experientes e a mobilizarem a experiência de agricultores leaders ou pioneiros. A constituição de redes de conhecimento e inovação, como o caso estudado do cluster dos pequenos frutos mostra que estas são uma ferramenta capaz de preencher algumas das lacunas do AKIS português, mas que apenas o fazem conjunturalmente pois são redes que tendem a dissolver-se na ausência de financiamento e que dependem do envolvimento de agentes das estruturas públicas de conhecimento e aconselhamento que não cada vez menos para as crescentes solicitações.

Ainda de acordo com a investigadora da UTAD, a crescente atratividade do setor agrícola para novos agricultores, muitos deles sem experiência no setor, em particular os “jovens agricultores”, como evidenciado pelo caso estudado dos “Novos pequenos agricultores produtores de pequenos frutos em Portugal”, alerta para a necessidade de investimento em alguns domínios fundamentais: desde logo, “nas estruturas de produção de conhecimento técnico aplicável às condições agro-climáticas locais”, mas também “no aconselhamento agrícola multidimensional de qualidade, feito por técnicos do setor público, associativo ou privado”, e ainda “no apoio à inovação incremental e organizacional com vista a assegurar-se a sustentabilidade e competitividade dos agricultores, em particular dos recém-chegados ao setor”.