Cientista do InnovPlantProtect é embaixadora do My Green Lab
Empenhado na implementação de práticas mais sustentáveis, o novo Laboratório Colaborativo InnovPlantProtect, em Elvas, já tem a sua primeira cientista certificada como Embaixadora da organização internacional My Green Lab.
Cátia Patrício, investigadora do InnovPlantProtect (InPP), tornou-se Embaixadora do My Green Lab, uma organização sem fins lucrativos que pretende construir uma cultura de sustentabilidade através da ciência. Criada para investigadores e profissionais de laboratório, esta organização internacional tem as respostas para os cientistas que estão motivados em aplicar práticas mais amigas do ambiente, mas não sabem como implementá-las.
Para esta investigadora de 27 anos, «a sustentabilidade deve ser uma prática prioritária na investigação científica», uma vez que os laboratórios consomem 3 a 5 vezes mais energia e água do que os escritórios e produzem grandes quantidades de resíduos, especialmente plásticos: «Só em materiais de plástico, os laboratórios enviam para o lixo cerca/aproximadamente 5.5 milhões de toneladas por ano, mas existem medidas que podem ser implementadas para reduzir esse gasto», garante Cátia Patrício.
No InnovPlantProtect, onde trabalha desde fevereiro no Departamento de Novos Biopesticidas - dedicando-se ao desenvolvimento de moléculas biológicas com atividade que permita controlar as pragas e doenças que atacam culturas agrícolas mediterrânicas -, Cátia Patrício quer implementar medidas como:
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O uso de timers, para controlar o tempo de funcionamento de certos aparelhos e programar o intervalo de tempoque estes podem ser desligados, como por exemplo durante a noite, de modo a poupar energia;
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A reciclagem de material não contaminado;
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A redução da temperatura das arcas utilizadas para guardar amostras (de -80°c para -70°c), o que pode levar a “reduções de gasto de energia de 30% a 40%”;
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A limpeza regular de frigoríficos e congeladores, evitando, deste modo, a acumulação de pó ou gelo (que reduzem a eficiência energética ou provocar avarias dos aparelhos) e de amostras não essenciais (quanto mais se acumulam amostras, mais espaço é necessário e mais energia é consumida).
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A seleção de uma ou duas pessoas responsáveis pelas encomendas e pelos inventários, o que pode reduzir os gastos em taxas de envio, evitar pedidos duplicados e encomendas de material já existente no laboratório;
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A reutilização de material, sempre que possível, para evitar a produção desnecessária de lixo;
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Sensibilizar as empresas fornecedoras de materiais de laboratório para aderirem ao programa Takeback e reutilizarem as styrofoam coolers (caixas utilizadas no transporte de materiais para os manter a temperaturas mais baixas);
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E, claro, apagar as luzes quando não precisam de estar ligadas.
A vontade de implementar no local de trabalho boas práticas ambientais acompanha Cátia Patrício desde que iniciou o seu caminho na Ciência, mas o gatilho foi mesmo a experiência na luta por laboratórios mais sustentáveis da sua Diretora de Laboratório no InPP, Cristina Azevedo, que, só no ano de 2018, no Laboratory for Molecular and Cell Biology, em Londres, evitou que fossem parar ao lixo 252 000 tubos de plástico. Foi nela que Cátia Patrício se inspirou, mas agora segue os seus próprios passos.
A consciência global do grande impacto ambiental dos laboratórios é cada vez maior, havendo já dezenas de organizações em todo o mundo, incluindo universidades, farmacêuticas e laboratórios clínicos a aderirem ao programa de certificação My Green Lab para “aprenderem” as melhores práticas de uso de energia, de água, de produtos químicos, de gestão de resíduos, de compra e reutilização de materiais.