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Agrotec

Seca responsável por elevadas perdas de produção. Campanha de cereais foi a pior de sempre

O ano agrícola 2021/2022 em Portugal continental caraterizou-se em termos meteorológicos como extremamente quente (o mais quente desde 1931/32) e muito seco. A seca meteorológica de 2022 foi das mais severas desde que existem registos sistemáticos, com praticamente todo o território continental em seca severa e extrema nos meses de fevereiro, maio, junho, julho e agosto.

A campanha de cereais de inverno de 2022 foi a pior de sempre, tendo sido inclusivamente inferior à produção da campanha de 2012, coincidindo as piores campanhas cerealíferas com as secas mais graves.

A produção de maçã também decresceu 20,9%, relativamente ao ano passado que, recorde-se, foi a segunda colheita mais produtiva dos últimos 35 anos.

A colheita da pera concluiu-se com quebras de produção de 41,3%, relativamente à campanha anterior, devido às condições meteorológicas adversas e à estenfiliose.

A produção de arroz foi 155,6 mil toneladas, o que corresponde a uma diminuição de 11,6%, face à campanha anterior.

Também a produção de tomate decresceu 19,7%, relativamente à campanha anterior, quer devido à redução de área, quer às elevadas temperaturas estivais (que afetaram a floração e causaram muitas ocorrências de escaldão nos frutos em crescimento) e à precipitação no final da campanha, que originou podridões e atrasos nas maturações e colheitas.

A precipitação da segunda quinzena de outubro foi tardia para a maioria dos soutos, que se encontravam no início da queda de frutos, não evitando um decréscimo de produção de castanha de 39,9%, face à campanha passada, tendo sido mesmo a campanha com menor produtividade dos últimos 37 anos.

O calor extremo de julho e de agosto conduziu a situações muito frequentes de escaldão na vinha e dessecação dos cachos, bem como à paragem de desenvolvimento dos bagos, situação desbloqueada pelas chuvas de setembro. A produção foi inferior em 7,3% à da vindima de 2021.

A produção de azeite foi 1,378 milhões de hectolitros (cerca de 126 mil toneladas), o que corresponde a uma diminuição de 39,8% face à campanha de 2021. De notar que, mesmo num ano tão adverso e exigente para a produção de azeite como foi 2022, foi alcançada a quarta maior produção de sempre, apenas abaixo das campanhas de 2021, 2019 e 2017.

Em contrapartida 

Na Cova da Beira a queda de cerejas foi inferior ao esperado e a colheita decorreu em boas condições, o que contribuiu para uma produção ligeiramente superior à alcançada na campanha passada (+3,1%), sendo a mais produtiva de sempre.

Na laranja, o aumento de produção, quer nas variedades temporãs, quer nas tardias, contribuiu para a melhor campanha de sempre, 4,0% acima da produção registada em 2021.

A entrada em produção dos novos amendoais do Alentejo foi suficiente para compensar a diminuição de produção registada em Trás-os-Montes, essencialmente devido à situação de seca e às geadas tardias. A produção global aumentou 11,5% face à campanha anterior, sendo a mais produtiva dos últimos 30 anos

Fonte: INE