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Agrotec

Biocombustíveis devem reduzir as emissões de CO2 e não competir com os alimentos

Nos últimos 10 anos a UE tem apoiado combustíveis produzidos a partir de alimentos na esperança de reduzir as emissões de CO2 dos transportes. Em 2012, a Comissão Europeia propôs limitar a quantidade de biocombustíveis derivados de alimentos, por ter sido posta em causa a sua utilidade para reduzir as emissões. Pedimos à eurodeputada Corinne Lepage, responsável por este tema, que nos identificasse os problemas da atual política europeia de biocombustíveis e as formas de os resolver.

De acordo com a eurodeputada liberal francesa, a promoção dos biocombustíveis produzidos através de colheitas alimentares, conhecidos como combustíveis de primeira geração, como o óleo de colza ou de palma, tem tido um impacto negativo nos países em desenvolvimento. Por um lado aumentou os preços da alimentação, por outro levou à conversão de terras para a produção de biocombustíveis, levando à desflorestação das florestas e gerando assim mais CO2 do que o que pouparia (este fenómeno é conhecido como alterações indiretas do uso dos solos: ILUC).

“É necessário colocar um limite na primeira geração de biocombustíveis, mas não da forma indiscriminada como proposta pela Comissão”, disse a eurodeputada, encorajando a distinção entre biocombustíveis derivados de alimentos com melhor e pior desempenho.

“Proponho introduzir as emissões relacionadas com as alterações no uso dos solos na forma de cálculo da poupança das emissões de gases com efeito de estufa atribuídas aos biocombustíveis, de forma a estimular a produção daqueles que produzam benefícios substanciais para o clima, como acontece com o etanol.”, acrescentou, lembrando que o Parlamento já tinha urgido para que fossem incluídos estes fatores já em 2008.

“Ignorar o problema põe me causa a credibilidade da UE na luta contra as alterações climáticas e a legitimidade do apoio financeiro (cerca de 10 mil milhões de euros dos orçamentos dos Estados- Membros da UE) à indústria”, alertou Corinne Lepage.

A eurodeputada lembrou que a atual insistência na austeridade torna difícil justificar os elevados subsidios até 2020, mas defendeu que os “atuais investimentos devem ser protegidos” e “que a indústria deve ter vários anos para continuar a produzir biocombustíveis de primeira geração para recuperar os investimento e preparar a mudança para os biocombustíveis avançados produzidos a partir de fontes não alimentares, como lixo ou resíduos agrícolas”.

A votação em comissão parlamentar do meio ambiente está prevista para 11 de julho. A votação em plenária será a 10 de setembro.

Fonte: Parlamento Europeu (via Confagri)