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Agrotec

Bayer Crop Science Portugal e Agrotec debatem o futuro da agricultura portuguesa

No dia 26 de novembro, a Bayer Crop Science Portugal e a Agrotec realizaram um webinar com o título “Novos horizontes na agricultura: INOVAÇÃO”.

Bayer Crop Science Portugal

Como será a agricultura daqui a alguns anos? Os robôs farão a colheita automaticamente? Os dados serão uma nova fonte de renda para os agricultores?

Estas e outras questões, que foram recolhidas durante o Facebook Live na quarta-feira, dia 25 de novembro, foram respondidas por três especialistas do setor: Engenheiro João Coimbra, agricultor e agrónomo; Professor Ricardo Braga, especialista em Agricultura de Precisão do Instituto Superior de Agronomia; António Villalobos, Research and Development da Bayer; e José Luís Pereira Amaro, Key Account Manager da Bayer Crop Science Portugal. A mesa redonda foi moderada pela Engenheira Daniela Faria, responsável da revista Agrotec.

A Bayer Crop Science lançou recentemente a sua página de Facebook para oferecer conteúdos atuais e interessantes sobre o setor agrícola e agroalimentar, para além de transmitir diretamente as novidades e lançamentos dos seus produtos e soluções para o setor agrícola português.

Após uma breve introdução de cada um dos oradores, estes foram convidados a responder às questões colocados pela audiência do webinar.

Para onde caminha a agricultura portuguesa?

Agricultura

João Coimbra começou por refletir sobre o futuro da agricultura portuguesa e para onde esta caminha, destacando que, o que observa mais a Sul do país, é um envelhecimento continuo dos agricultores e a dificuldade em persuadir as novas gerações. Como tal, o engenheiro agrónomo realçou que, «se não existir abandono, que é o pior que pode acontecer, existirá, naturalmente uma concentração. Tal é desejável pois um dos problemas que temos é a falta de dimensão económica das explorações. Como não há renovação de agricultores, as terras, naturalmente, vão ser concentradas, isto através de emparcelamentos, compras, alugueres, entre outros».

Por outro lado, João Coimbra destacou a entrada de novos players do estrangeiro, que introduzem novas culturas, provocando já essa concentração, que dão origem a novos sistemas de produção organizados.

Já Ricardo Braga acredita que o futuro da agricultura portuguesa, em termos de setor, existe uma conscientização por parte do setor agrícola dos enormes desafios que estão a chegar, entre os quais as alterações climáticas, a volatilidade dos preços devido à globalização, a preocupação com o auto-aprovisionamento, a distribuição dos financiamentos da nova PAC, a capacidade do setor agrícola manter um diálogo com a sociedade e outros.

«O nosso futuro como setor depende muito da nossa capacidade de dialogar com a sociedade, isto para chegarmos a sistemas de produção que sejam compatíveis com aquilo que o consumidor e a sociedade pretende do setor», apontou. O engenheiro agrónomo acredita que o setor deve-se expor para a sociedade, a fim desta o compreender. «Temos que ser nós a querer comunicar com o mundo, comunicar o que fazemos».

José Luís Amaro subscreveu a visão dos anteriores oradores. «Na minha visão pragmática existem dois caminhos: ou colocamos no mercado um produto diferenciado ou, se temos um produto indiferenciado, a verdade é que temos que ser competitivos a nível global», apontou, destacando que este é o principal aspeto que «empurra para a inovação», procurando formas de rentabilização e redução de custos. «Na minha perspetiva, a agricultura portuguesa caminha para a especialização em todos os setores e tal implica a inovação».

António Villalobos acredita que a agricultura portuguesa evoluiu nos últimos 30 anos. «Se compararmos o que tínhamos na década de 80 e agora, não tem nada a ver. Passamos a ser muito mais auto-suficientes em várias culturas», afirmou, destacando que o principal problema continua a passar pelos cereais e as leguminosas. O engenheiro seguiu a ideia de José Luís Amaro, acreditando que a agricultura portuguesa será sempre uma «agricultura de nicho», entregando o exemplo do vinho português.

Quais as novidades para o setor agrícola que as universidades e os institutos estão a desenvolver?

Focando-se na agricultura de precisão, Ricardo Braga destacou, em primeiro lugar, a área da robótica, onde já existem vários protótipos a funcionar. Segundo o professor, as soluções comerciais ainda não são abundantes, mas acredita que, num prazo de alguns anos, estas estarão presentes nas diversas explorações agrícolas. Outra componente importante é a deteção remota.

«A agricultura de precisão é sinónimo de gestão eficiente e de decisões baseadas em facto. Para isso, precisamos de variados sensores que nos forneçam dados, onde podemos aplicar conhecimento agronómico e transformar os respetivos em decisões», explicou, destacando o lançamento do SENTINEL em 2016. A inovação, acredita, passará pela melhoria da resolução espacial e espectral. Por último, Ricardo Braga evidenciou os sistemas de informação das explorações agrícolas.

Que tecnologias estão a ser desenvolvidas por empresas como a Bayer Crop Science?

«A Bayer continua a desenvolver o FieldView», começou por explicar José Luís Amaro. A aplicação FieldView Prime fornece dois tipos de mapas: um mapa sobre a sanidade das culturas e um mapa dedicado ao consumo de água das culturas. «Estas duas ferramentas são complementadas por uma versão melhorada, o FieldView Plus que apresenta mapas de rendimento, colheita, sementeira e realização de operações. No fundo, esta plataforma é um local onde se encontra a informação completamente agregada», concluiu.

Em Portugal, o FieldView Plus ainda está a dar os primeiros passos. «Queremos modernizar as explorações e os agricultores com esta ferramenta. Isto não é uma varinha mágica, mas é uma importante ferramenta de gestão para todos», acredita. 

António Villalobos apresentou as novas soluções biológicas da Bayer Crop Science Portugal. «O portfólio de produtos biológicos tem vindo a aumentar desde a aquisição da AgraQuest, em 2012», explicou. «Além da parte dos produtos biológicos, há também toda a parte dedicada a pragas e doenças. É todo um mundo que se encontra a ser desenvolvido ao nível da empresa». 

Quais as novas culturas que estão a surgir e que apostas na gestão sustentável estão a ser desenvolvidas?

O agricultor João Coimbra acredita que «as culturas têm que se reinventar para responderem às necessidades atuais». O produtor deu o exemplo da cultura do milho, que passou a ser uma cultura competitiva e que responde aos novos desafios tecnológicos. «É através da genética e do clima que vamos conhecendo cada vez melhor o que podemos fazer», afirmou, destacando que é necessário intervir cada vez mais rapidamente, através do ajuste dos dados anteriores com os dados futuros. «A variabilidade veio para ficar e temos que atuar de forma muito rápida, não só conhecimento empírico, mas com ferramentas próprias», acredita. 

Como está a adoção da agricultura de precisão em Portugal?

O investigador Ricardo Braga realça que este é um tópico que tem vindo a preocupar a academia. «Sabemos que a adoção tem sido muito assimétrica dependendo da cultura e da tecnologia em concreto. Se é verdade que a agricultura de precisão é utilização da informação suportada em dados, não há qualquer dúvida de que é a tecnologia que nos vai ajudar, como ferramenta, a esse fim. Muitas vezes a questão da adoção de agricultura de precisão coloca-se neste ponto: o que é fazer agricultura de precisão? Basta ter GPS numa ceifeira ou num trator ou é mais do que isso? Na nossa opinião, é mais», explicou. 

Veja ou reveja o restante do webinar no vídeo abaixo.