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Agrotec

Avaliação de recursos genéticos de milho açoriano em agricultura biológica e convencional

 Texto por: André Pereira¹, Ana Luiza Neri¹ Manuela Veloso2, Pedro Mendes-Moreira¹

1 Cernas – Instituto Politécnico de Coimbra, Escola Superior Agrária, Bencanta, Coimbra

2 INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.

RESUMO

O presente estudo aborda a importância e a oportunidade do uso dos recursos genéticos de milho português em agricultura biológica. O objetivo foi avaliar a produtividade e os parâmetros morfológicos (descritor HUNTERS), de diferentes genótipos de milho tradicional dos Açores em dois sistemas agrícolas distintos: modo biológico e modo convencional.A análise estatística incluiu a ANOVA, teste post-hoc Tuckey, classificação por produtividade (Simple Rank) e correlação de Pearson. Foram tomados como fatores, o local, ano e o genótipo. Das 43 entradas analisadas verificou-se que as produções nos dois anos de ensaios oscilaram entre 1 283 kg/ha (pop 2444) e 4 235 kg/ha (pop 2510) em modo biológico, já em modo convencional variou entre 1 852 kg/ha (pop 2528) e 9 143 kg/ha (pop 2510).

INTRODUÇÃO

A Agricultura Biológica (AB) na Europa aumentou mais de 50% a sua área durante o período 2012-2020, ocupando 9,1% da Superfície Agrícola Útil Europeia (European Commission, 2023). Este aumento tem vindo a ser incentivado por programas europeus como o Green Deal - Farm to Fork em que um dos objetivos é a conversão de 25% da Superfície Agrícola Útil à Agricultura Biológica até 2030 (European Commission, 2021). Por outro lado, a regulamentação biológica europeia EC 848/2018 tem por objetivo terminar, depois de 2036, a utilização de material vegetal reprodutivo proveniente de agricultura convencional (Frederic Rey et al., 2021; Fuss et al., 2018). Na Europa a produção de milho representa 19% dos cereais produzidos, enquanto em Portugal representa 69%, sendo o seu uso maioritariamente para consumo animal em grão e silagem, existindo também o interesse da sua utilização para consumo humano (Eurostat, 2020; INE, 2020; Revilla et al., 2022), para os dois casos é importante a sua produção em AB. Neste contexto, torna-se fundamental selecionar, melhorar e adaptar o germoplasma de milho (e.g. variedades de polinização livre, sintéticos, linhas puras) para Agricultura Biológica e sistemas de baixo consumo de externalidades (Mendes-Moreira et al., 2017).

Embora, na generalidade dos casos sejam menos produtivos do que os híbridos comerciais, porque em parte o trabalho que lhes foi dedicado é incomparavelmente menor, as populações de polinização livre, compósitos entre outros, possuem um grande potencial de adaptação a condições ambientais, assim como a sistemas de produção em Agricultura Biológica e Agroecologia (Mendes-Moreira et al., 2017). A Escola Superior Agrária de Coimbra- Instituto Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC), ao longo de mais de duas décadas, tem contribuído para a conservação e utilização dos recursos genéticos, melhoramento de plantas participativo (melhoramento nos quais o agricultor e outros intervenientes participam na tomada de decisão), e divulgação dos recursos genéticos de milho português, associados gastronomicamente ao pão de milho (broa) e polenta (Açores) (Revilla et al., 2022). Este germoplasma português, que tem vindo a ser negligenciado, poderá ser uma valiosa opção para os agricultores em modo biológico, onde a sua diversidade representa uma arma poderosa contra as alterações climáticas (Mendes-Moreira et al., 2018). A caracterização das variedades de milho (e.g. HUNTERS, UPOV e IPGRI), assim como o processo de pré-melhoramento são essenciais para o uso eficiente dos recursos genéticos tradicionais na agricultura biológica (Ortiz et al., 2010), permitindo uma diferenciação de fenótipos e fornecendo informações valiosas para selecionar os genótipos mais adequados para programas de melhoramento subsequentes. (Mendes-Moreira et al., 2018).

O presente trabalho teve como objetivo promover a conservação e utilização de populações de germoplasma açoriano adaptadas ao Modo de Produção em Agricultura Biológica. Assim como determinar possíveis correlações entre o desempenho produtivo e a fenotipagem (e.g. descritores HUNTERS e IPGRI) das 43 populações de milho avaliadas.

Artigo publicado na edição n.º 46 da Revista AGROTEC.

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