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Agrotec

Apicultores dizem que Portugal quase não usa pesticidas a proibir na UE

abelhasO presidente da federação portuguesa de apicultores congratula-se com a decisão europeia de proibir a utilização de pesticidas que afectam as abelhas, mas salienta não implicar consequências para Portugal, pois a agricultura nacional «praticamente» não usa estes químicos.

«Somos solidários com todos os agricultores, mas, com a nossa especificidade, esta decisão não vai influenciar nada, porque praticamente não são usados na nossa agricultura», disse à agência Lusa o presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, Manuel Gonçalves.

A Comissão Europeia anunciou, na segunda-feira, que vai suspender parcialmente, por dois anos, a partir de 01 de Dezembro, o uso de três pesticidas da família dos neonicotinóides (tioametoxam, imidacloprid e clotianidin), devido ao impacto que têm nas populações de abelhas.

Portugal esteve entre os oito Estados-membros que votaram contra a proposta, posição justificada com a necessidade de continuar os estudos sobre os impactos dos pesticidas e dos seus resíduos nas abelhas.

Segundo o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), «deve ser dada continuidade aos trabalhos já em curso com vista à consolidação dos princípios e das orientações técnicas de avaliação do risco e tomada de decisão relativa aos efeitos dos produtos fitofarmacêuticos em abelhas».

A Quercus exigia que Portugal votasse a favor da proposta de proibição e Ricardo Marques, da associação ambientalista, defendeu ser aquele «um falso argumento» do Governo português, porque «este químico é muito utilizado e há muita pressão da agro-indústria e da fitofarmacêutica, pois estes pesticidas são considerados importantes na produção agrícola».

No entanto, segundo o presidente da federação dos apicultores, a utilização destes pesticidas em Portugal «é residual». Estes químicos «foram usados uma vez ou duas, em árvores de grande porte, fomos informados e foi pedida a nossa opinião sobre a utilização, se iria provocar algum prejuízo a culturas apícolas», avançou Manuel Gonçalves.

A decisão da Comissão Europeia «não tem efeito em Portugal», mas para outros países europeus, como a França ou a Alemanha, «é bom».

Assim, «é importante para a apicultura europeia, para a apicultura portuguesa, para o ambiente e para que exista a biodiversidade». Portanto, «foi uma decisão mais do que correcta», resumiu.

Quanto aos problemas de desaparecimento das abelhas, registados em vários países, «não temos notado em Portugal, mas há alguma dificuldade em avaliar, devido à subida de cinco por cento ao ano» na actividade, com entrada de novos produtores, explicou Manuel Gonçalves.

Vários países realizam maneios intensivos nas colmeias e referem maior desaparecimento de abelhas, o que o responsável relaciona com a consequente «falta de equilíbrio», mas em Portugal pratica-se apicultura extensiva.

Em Portugal, as abelhas recolhem o pólen e o néctar, principalmente em zonas de matos espontâneos, com excepção para a laranjeira, «que pode ter utilização de produtos químicos, mas não é frequente», e a amendoeira, espécies que não são muito afectadas por doenças, segundo o presidente da Federação.

Fonte:  Lusa (via Agroportal)