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Agrotec

Alerta Fitossanitário nº 6/2022: Uma nova praga dos relvados

Foi divulgado, no dia 10 de novembro, o Alerta Fitossanitário DRAPLVT - Circular nº ​5/2022 e Alerta Fitossanitário Circular nº 6/2022 - Uma nova praga dos relvados: Blissus insularis Barber, 1918 (Hemiptera: Lygaeidae), percevejo-do-sul-americano.

Para além da questão ambiental, qualquer ação de combate, neste caso, contra um inseto deve ter como base de tomada de decisão uma analise custo-benefício. Com efeito, desde há varias décadas se praticam metodologias em que a tomada de decisão de intervenção vai muito para além da simples aplicação de produtos fitofarmacêuticos, (também conhecidos por pesticidas).

Recorre-se assim a muitas outras medidas, tendo como base a já referida relação custo-benefício, sendo importante referir que nos custos a contabilizar se incluem, entre outros, os danos no ambiente.

Segundo alguns autores, a presença deste inseto num relvado, não determina que este esteja condenado. Com efeito, a coexistência poderá ser possível num relvado em boas condições e bem tratado.

Acresce que, no caso de infestação em relvados associados a habitações ou áreas publicas como jardins e parques, poderá existir relutância na aplicação de produtos fitofarmacêuticos, em função dos conhecidos inconvenientes associados ao seu uso.

Iremos de seguida abordar alguns tópicos que deverá ter em consideração, observando medidas de prevenção ou mitigação em caso da presença da praga.

Plantas saudáveis são naturalmente mais resistentes a pragas e doenças. No caso dos relvados, uma gestão cuidada dos cortes, fertilização e rega pode reduzir a suscetibilidade dos relvados a este percevejo. Este ponto é de extrema importância no caso do inseto em apreço.

A promoção de uma correta fertilização e o equilíbrio nutricional do relvado é um fator importante para a resistência das plantas à ação de pragas e doenças em geral.

O percevejo-do-sul-americano prefere relvados com demasiada manta morta ou palha, situação que lhe proporciona melhores condições para se alimentar e refugio de eventuais predadores.

Por outro lado, se a espessura da manta verde for excessiva pode dificultar o movimento da agua de rega e eventualmente dos fertilizantes até ao solo, tal como pretendido.

Aparentemente, períodos de seca estarão associados a elevadas populações desta praga. No entanto, este facto pode resultar não tanto da ação do inseto, mas sim duma redução da vitalidade do relvado. Terrenos com fraca capacidade de retenção de agua podem estar mais vulneráveis as consequências da presença da praga.

São conhecidas atualmente diversas cultivares comerciais da espécie Stenotaphrum secundatum (Walt.) Kuntze (Erva-de-Santo-Agostinho) consideradas como tolerantes à ação deste percevejo. A menor suscetibilidade das plantas a uma determinada praga pode estar ligada por, exemplo, a fatores bioquímicos ou anatómicos como o aumento da resistência das células da planta à perfuração que decorre da alimentação do inseto.

Embora nesta data não existam em Portugal produtos fitofarmacêuticos destinados especificamente a combater esta praga, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária, orientando possíveis soluções para atenuar os problemas causados por este inseto salienta que para este tipo de inimigos, estão autorizados para relvados e áreas não cultivadas, produtos comerciais com base em piretroides, nomeadamente lambda-cialotrina e deltametrina. Uma outra opção será constituída por produtos com base em óleos (parafínico e de laranja), que poderão ter alguma eficácia, mas que, embora permitidos em Produção Biológica, não são isentos de classificação e medidas de mitigação de risco.

Uma outra opção poderá ser a utilização de produtos com base em Beauveria bassiana. Deve ser tomada em consideração que a utilização destes exige condições de humidade elevada e temperatura adequada.

Deve ser dada especial atenção á aplicação de produtos fitofarmacêuticos em áreas públicas ou mesmo ambiente doméstico, respeitando as regras legais aplicáveis no que respeita à autorização do seu uso e aplicação não negligenciando a obrigatória restrição de acesso de pessoas e animais nas áreas tratadas.

De extrema importância, a referencia em diversa bibliografia ao surgimento de resistência desta praga a determinados tipos de inseticidas, nomeadamente piretroides. A utilização destes produtos em relvados infestados, ainda que com outras finalidades deve ter em atenção este efeito negativo do seu uso, sendo aconselhável não repetir a mesma substancia ativa ou modo de ação do inseticida, praticando rotação neste âmbito.

O sucesso da aplicação de qualquer produto fitossanitário também depende do conhecimento do seu modo de ação. Consulte um técnico qualificado em caso de duvida. 

Saiba mais neste artigo.