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Agrotec

Agricultura circular para um futuro sustentável

Texto por: Verónica Nogueira1, 2 Awot George Ukbamichael 3 Ruth Pereira2, 4

1 CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental

2 Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

3 Universidade do País Basco/Euskal Herriko Unibersitatea

4 GreenUPorto & INOV4AGRO Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável

PORQUE PRECISAMOS MUDAR PARA UMA AGRICULTURA CIRCULAR?

De acordo com o relatório das Nações Unidas publicado em 2019, a população mundial deverá aumentar em cerca de 2 mil milhões de pessoas nos próximos 30 anos. A previsão aponta que em 2050 teremos cerca de 9.7 mil milhões de pessoas para alimentar e por isso teremos que aumentar em cerca de 70% a produtividade agrícola de forma a sustentar esta população global crescente. Contudo se o setor agrícola e agroalimentar mantiver o atual padrão de produção os custos para o meio ambiente serão incalculáveis. Devido ao grande crescimento da indústria agroalimentar nos últimos anos, um terço da área florestal global foi abatida e atualmente mais de metade da área habitável do planeta é usada para a agricultura. A destruição de uma grande parte de habitat natural através da desflorestação para a expansão de área cultivável levou também a uma grande perda da biodiversidade a nível global (FAO & UNEP, 2020).

O setor agrícola é também um grande responsável pela escassez de água, sendo o principal consumidor de água doce (cerca de 70%) a nível mundial. O crescimento observado ao longo dos últimos 50 anos no setor deveu-se principalmente ao aumento do uso de sistemas de irrigação de forma a aumentar a produtividade, sendo por isso também um dos primeiros setores a ser afetado pela escassez deste mesmo recurso. O atual contexto de instabilidade climática veio acentuar ainda mais as fragilidades que o setor atravessa e a necessidade de encontrar alternativas para o uso eficiente da água na agricultura. O uso intensivo de pesticidas sintéticos e fertilizantes químicos também impulsionaram o crescimento da agricultura nas últimas décadas, contudo ao longo do tempo estas práticas agrícolas intensivas têm levado a degradação dos solos e da qualidade dos cursos de água. A agricultura tem desempenhado também um papel significativo na atual crise climática sendo responsável por um terço das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) a nível global.

Apesar de em Portugal se ter vindo a verificar uma redução de emissões é necessário manter o compromisso de mudança numa agricultura mais sustentável de forma a atingir as metas propostas no Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) até 2050. A verdade é que a agricultura do século XXI enfrenta vários desafios sociais e ambientais, sendo necessário garantir o acesso a alimentos saudáveis e sustentáveis a toda a população, a sustentabilidade económica dos agricultores e das suas famílias, e da mesma forma ajudar a proteger o ambiente combatendo as alterações climáticas e tendo em consideração a escassez de recursos. É por isso vital reavaliar o sistema de produção linear atual e promover a mudança para uma agricultura circular mais sustentável uma abordagem que trabalha em favor da natureza e que é capaz de lidar com a emergência planetária.

Continue a ler este artigo publicado na edição n.º 44 da Revista AGROTEC, no âmbito do Dossier "Práticas Agrícolas Sustentáveis".

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