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Agricultura: alterações climáticas podem resultar numa quebra na produção de 25% em 2030

alteracoesclimaticasUm dos maiores estudos já realizados sobre a resposta da agricultura ao aquecimento global sugere que, um aumento da temperatura de dois graus Celsius seria suficiente para gerar prejuízos em culturas como o arroz, milho e trigo.

Ainda não é possível afirmar factualmente quais são as perdas atuais da agricultura em virtude de secas ou enchentes são consequências das alterações climáticas. Porém, um estudo Universidade de Leeds mostra que já em 2030 e mesmo com um aquecimento de apenas dois graus – o limite previsto pelos cientistas para evitar as piores consequências do aquecimento global – as atividades agrícolas sofrerão com esta variação.

O trabalho, publicado pela revista Nature Climate Change, adverte que o impacto das alterações climáticas sobre as colheitas aumentará durante a segunda metade do século, com a diminuição da produtividade em cerca de 25%.

“A nossa pesquisa mostra que as plantações serão influenciadas negativamente pelas alterações climáticas muito antes do que o previsto. Além disso, o impacto das mudanças climáticas nas colheitas variará de ano para ano e de lugar para lugar – com a variedade tornando-se cada vez maior à medida que o clima se torna também ele mais irregular”, observou o autor Andy Challinor, da Escola da Terra e Meio Ambiente da Universidade de Leeds.

Para chegar a essa conclusão, o trabalho, intitulado A meta-analysis of crop yield under climate change and adaptation (Uma meta-análise do rendimento de colheitas sob mudanças climáticas e adaptação), avaliou cerca de 1700 análises sobre a resposta de plantações de arroz, milho e trigo às mudanças climáticas.

O estudo oferece a maior base de dados até agora sobre a resposta de colheitas, com mais do que o dobro do número das pesquisas que foram avaliadas para o desenvolvimento do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, em 2007. Na verdade, essa pesquisa está a servir de base para o Quinto Relatório de Avaliação do IPCC, cujo rascunho foi lançado no final de 2013.

A pesquisa revela que as mudanças climáticas também terão grande impacto nas regiões amenas, além das regiões tropicais, que já eram apontadas em pesquisas anteriores.

“Assim que foram disponibilizados mais dados, vimos uma mudança no consenso, mostrando que os impactos das mudanças climáticas nas regiões amenas verificarão-se-ão antes do que o previsto”, comentou Challinor.

E embora o trabalho sugira que pode haver compensação dos efeitos das mudanças climáticas, ou seja, em uma região elas podem piorar o rendimento e em outras melhorar, os autores afirmam que o quadro geral é negativo, e que cada vez será mais difícil prever a produtividade das colheitas. Eles ressaltam a importância de mais pesquisa para se chegar a resultados mais precisos.

“As mudanças climáticas significam colheitas menos previsíveis, com diferentes países ganhando e perdendo em anos diferentes. O quadro geral continua a ser negativo, e agora estamos começando a ver como a pesquisa pode apoiar a adaptação, evitando os piores impactos”, concluiu Challinor.

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