Abelhas podem aumentar a produtividade na agricultura, segundo alguns especialistas
As queixas de apicultores, ambientalistas e investigadores sobre o desaparecimento massificado das abelhas e o temor pela perda de frutas e legumes que não seriam mais polinizados parece, inicialmente, paradoxal dado que, ao mesmo tempo, no mundo inteiro, a população de abelhas produtoras de mel cresceu cerca de 7% nos últimos anos.
Segundo o biólogo Peter Rosenkranz, da Universidade de Hohenheim (Alemanha), a razão deste crescimento é o aumento do número de apicultores. “95% das colmeias pertence à apicultura”, conta.
Dessa maneira, os apicultores podem determinar quantas abelhas estão livres para voar sobre relvas e campos. Contudo, eles têm que conviver com grandes perdas todos os anos, pois muitos desses insetos voltam debilitados, devido a produtos químicos e ao parasita conhecido como Varroa destructor sendo que no inverno uma grande quantidade de insetos morre chegando a uma taxa de 30% da população total.
A quantidade populacional nas espécies selvagens é também um grande problema. Só na Alemanha, existem mais de 500 espécies selvagens, entre elas estão também os zangões (conhecidos também como mamangabas em países como Brasil e Portugal). Principalmente em regiões de atividade agrícola intensa, onde são usadas grandes quantidades de pesticidas, quase não há mais abelhas.
Lucro para todos
Com a polinização das plantas pelas abelhas, os apicultores recebem pólen e mel. Paralelamente, o processo rende colheitas lucrativas para os agricultores.
Segundo Rosekranz, essa é uma situação onde todos lucram, mas ainda há “um potencial inexplorado para aumentar a produtividade” sem o uso de pesticidas ou adubo, ou seja, “sem poluir o meio ambiente.” Para isso, são necessárias mais abelhas.
E justamente esse é o objeto de pesquisadores que publicaram recentemente um artigo na revista científica Plos One. Eles reivindicam mais insetos deste tipo nas plantações destinadas à produção de biocombustíveis, ou seja, de milho, de girassol e de colza.
Para Rosenkranz, essa medida é bastante útil. A produtividade de colza pode ser incrementada entre 30 e 40 %, “quando colmeias são formadas seguindo um plano determinado.” Ou seja, os agricultores deveriam comprar aos apicultores a quantidade de abelhas que necessitam para o campo.
Os insetos ficam encarregados do resto. A polinização como prestação de serviço é uma tendência que está a começar na Europa, afirma o biólogo. Em outros países, como Estados Unidos ou China, essa prática já é conhecida há vários anos.
Mel e biocombustível
Nesse processo, a principal questão é o tipo de plantação onde se deve usar as populações de abelhas. Um bom mel é produzido a partir de colza ou girassol. Mas milho “não é uma planta particularmente desejada pelas abelhas”, conta Rosenkranz. Assim, os apicultores também não ganham dinheiro com este cereal.
Desta forma, eles defendem que as plantas escolhidas para a produção de biocombustíveis sejam também “uma fonte de alimento para insetos polinizadores e interessantes para a apicultura”.
Segundo o especialista, existem alternativas. Teoricamente, é possível plantar flores entre as plantações destinadas à produção de combustível. Mas essa opção diminuiria entre 30 e 40% a produtividade. Porém, em vez da monocultura, o campo teria mais variedade de espécies e por isso ficaria mais saudável para as abelhas.
Porém, para Rosenkranz, os agricultores não vêem a variação de espécies como algo positivo. Segundo ele, é difícil convencê-los a desistir, entre 5 até 10%, dos seus lucros a favor de um campo ecológico florido.
Pesquisadores do Centro Tecnológico Agrícola Augustenberg, em Karlsruhe (LTZ, da sigla em alemão), testam diversas combinações de flores. Por um lado, para ter um significado ecológico, elas precisam ser atraentes para as abelhas. Por outro, para uma maior produtividade, devem poder ser utilizadas na produção de energia.
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