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Agrotec

Própolis e conservação de frutos: um valor acrescentado (parte II)

Por: Leonor Pereira1, Ana Beatriz Carneiro1, Lucas Falcão1, Ana Cunha1,2, Cristina Almeida-Aguiar1,2

1 Departamento de Biologia, Escola de Ciências, Universidade do Minho

2 CBMA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental, Universidade do Minho

RESULTADOS

Amostras desaproveitadas e misturas de amostras de própolis cumprem critérios de qualidade

Apesar da origem e do tempo de armazenamento variáveis, todas as amostras de própolis se apresentavam bastante aromáticas. As amostras apresentavam coloração distinta, variando entre castanha-dourada a castanho-escuro, amarelo, laranja e cinza. Quanto à consistência, a amostra Cr18 apresentava-se compacta, evidenciando partes mais quebradiças e outras mais elásticas, tal como mP2, enquanto mP1 apresentava textura mais viscosa e elástica. Relativamente aos parâmetros físicos avaliados (Tabela 1), os teores de humidade encontravam-se abaixo do valor máximo aceite para própolis português e europeu, sendo menor na amostra Cr18, enquanto mP1 e mP2 apresentaram valores próximos entre si e semelhantes aos referidos para amostras portuguesas provenientes de várias regiões do Norte e Sul do país (2 a 9%) (Falcão et al., 2013). Relativamente ao teor de cera, os valores obtidos também se encontram dentro da gama de valores aceites e de amostras de própolis português (variando de 4 a 35%) (Falcão et al., 2013), no entanto, muito inferiores para mP1 e mP2, ambos com o mesmo teor.

Amostras desaproveitadas e misturas de amostras de própolis são ricas em compostos fenólicos

Todos os extratos apresentaram quantidades elevadas de TPT e TFT (Figura 2), atestando a riqueza em compostos fenólicos das amostras desaproveitadas e das misturas de sobras de própolis e, deste modo, o seu potencial, já que as bioatividades do própolis são atribuídas à sua composição fenólica (Devequi-Nunes et al., 2018).

O extrato mP2.EE70 apresentou o maior TPT (Figura 2A), embora todas as amostras tenham apresentado valores acima dos reportados para própolis português (30-151 mg EAG/g extrato) (Falcão et al., 2013), e dentro da gama descrita para amostras europeias (46-285 mg EAG/g extrato; Kumazawa et al., 2004; Al-Ani et al., 2018; Kurek-Górecka et al., 2022). O TFT (Figura 2B) foi semelhante em Cr18.EE70 e mP2.EE70, e superior a mP1.EE70, embora todas as amostras tenham revelado valores dentro da gama reportada para amostras portuguesas (35-118 mg EQ/g extrato) (Falcão et al., 2013) e ainda de algumas amostras europeias (10-176 mg EQ/g extrato; Kumazawa et al., 2004; Al-Ani et al., 2018; Kurek-Górecka et al., 2022).

Amostras desaproveitadas e misturas de amostras de própolis possuem elevada capacidade antioxidante

Os extratos resultantes de misturas de sobras de amostras (mP1.EE70 e mP2.EE70) revelaram maior capacidade antioxidante do que Cr18.EE70 (Figura 3). Não se verificaram diferenças significativas entre mP1.EE70 e mP2.EE70, sendo que os valores de EC50 obtidos individualmente para as amostras que integram mP2 (entre 4,31 e 5,96 μg/mL) (Freitas et al., 2019) são semelhantes aos obtidos para a mistura, mostrando que o tempo de armazenamento e/ ou a mistura de sobras de amostras de diferentes proveniências não afetaram o potencial antioxidante do própolis, como descrito por Peixoto et al. (2021). Os valores de EC50 (Figura 3) obtidos para os extratos situam-se no limite inferior descrito na literatura para outras amostras de própolis português (8-93 μg/mL) (Miguel et al., 2010; Falcão et al., 2013; Freitas et al., 2019; Peixoto et al., 2021), e muito inferior a própolis europeu com valores reportados entre 26 e 93 μg/mL (Al-Ani et al., 2018), sugerindo a sua elevada capacidade antioxidante.

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 46 da Revista AGROTEC.

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