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Agrotec

Portugal perdeu na agricultura o dobro do anunciado pelo Governo

Acusação parte de Capoulas Santos, que diz que informação dada por Passos Coelho não corresponde à realidade.

Capoulas Santos considera que o dinheiro que Portugal vai perder para a agricultura no próximo orçamento europeu é o dobro do anunciado pelo primeiro-ministro quando, no início de fevereiro, os 27 chegaram a acordo sobre o orçamento plurianual da União Europeia (UE).Em Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), o eurodeputado socialista recordou que “o primeiro-ministro disse que Portugal tinha perdido 7,5% de um envelope de 8,1 mil milhões de euros”, acrescentando que “isto dá cerca de 600 milhões”. Mas para o ex-ministro da Agricultura a realidade é outra: “A minha convicção é que as perdas poderão ser qualquer coisa como o dobro dessa verba”.

“Não estou a dizer que o primeiro-ministro mentiu, (…) ele divulgou os dados que quis divulgar, agora eu estou convencido que ele não pode deixar de ter outros dados”, acrescenta Capoulas Santos.

O relator do Parlamento Europeu para a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) sustenta as suas alegações no facto de os envelopes nacionais negociados por cada país para a agricultura, no âmbito do acordo sobre o orçamento da União Europeia para os anos entre 2014 e 2020, “continuarem a ser escondidos dos deputados”: “Descobri ontem, por exemplo, que na decisão do Conselho as verbas para o algodão e o POSEI terem sido incluídas no primeiro pilar, se assim foi isso significa para Portugal menos 400 milhões de euros do que o que foi anunciado pelo primeiro-ministro”.

Capoulas Santos considera ainda que os números anunciados por Passos Coelho a 8 de fevereiro “não são passíveis de ser comparados” com as propostas do PE e da Comissão Europeia, uma vez que estas são feitas a preços correntes, enquanto a de Passos Coelho assenta em valores constantes, “o que faz uma diferença muitíssimo significativa”.

“Suspeito cada Estado-membro negociou caso a caso com o senhor Rompuy (presidente do Conselho Europeu), sem que nenhum conheça os números atribuídos aos demais”, atira Capoulas, que conclui que “resta saber quem foram os ganhadores e os perdedores” desta negociação.

No final do Conselho Europeu em que os 27 chegaram a um acordo político sobre o orçamento plurianual da União, Passos Coelho anunciou que as verbas destinadas a Portugal no âmbito da PAC diminuirão em 7,6% em relação ao atual quadro financeiro (2007-2013), enquanto as perdas na política de coesão são de 10,5%. Uma perda global de 9,7%, que o Governo considerou ser aceitável.