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Agrotec

Estudo conclui que as florestas ripárias são verdadeiros armazéns de carbono

Investigadores do Centro de Estudos Florestais, do Instituto Superior de Agronomia, concluíram que as florestas ripárias, ou seja as árvores e arbustos que ocupam as margens dos rios, são fundamentais no combate às alterações climáticas, devido à sua elevada capacidade de armazenamento de carbono. 

Agroflorestal florestas ripárias

As florestas ripárias prestam alguns Serviços de Ecossistema, tais como o fornecimento de abrigo e alimento a animais ou a capacidade de filtração de poluentes, melhorando a qualidade da água dos rios. Estas florestas ajudam ainda a reduzir os prejuízos provocados pelas cheias, ao diminuírem a velocidade de uma inundação. Já os serviços culturais, como o recreio e valor estético das paisagens ribeirinhas, têm sido ultimamente bastante valorizados. Como exemplo, a construção que se tem vindo a verificar, um pouco por todo o país, de passadiços e zonas de lazer junto de rios e ribeiras.

Mas o que não se sabia é que as florestas ripárias armazenam quantidades de carbono comparáveis às das florestas de produção portuguesas, como os eucaliptais, os pinhais, e os montados. 

O trabalho, realizado na Ribeira do Alcolobre, bacia hidrográfica do Tejo, localizada no centro de Portugal teve como objectivo estimar os stocks de carbono de três tipos de árvores ripárias (amieiro, acácia e salgueiro), em três compartimentos (árvore, folhada caída no solo e solo). Para tal, a equipa de investigadores usou uma metodologia que combinou a recolha de dados de campo e dados remotos provenientes de imagens recolhidas por drones.

Os resultados mostram que em média, as zonas de amial apresentam stocks de carbono de 162 toneladas por hectare embora valores mais elevados tenham sido observados nas zonas invadidas por acácias de grande porte. O estudo aponta ainda para uma grande variabilidade no armazenamento do carbono ao longo da galeria ripária em função não só da espécie, mas também da densidade e da idade dos indivíduos. Os maiores stocks de carbono foram observados nas árvores (79%) embora a contribuição relativa dos restantes compartimentos varie em função da espécie dominante.

Neste estudo, os investigadores usam dados recolhidos em campo (como a dimensão e o tipo de árvore) mas também dados recolhidos por drones, pois estes permitem captar imagens em zonas de difícil acesso e em áreas maiores. Técnicas de detecção remota foram depois aplicadas às imagens permitindo classificar e estimar os stocks de carbono, em função da espécie dominante ao longo de toda a área de estudo. Sendo verdadeiros armazéns de carbono, as florestas ripárias são cruciais no combate às alterações climáticas.

Implicações práticas a nível empresarial

O estudo realizou-se num troço da Ribeira do Alcolobre (afluente do Rio Tejo) gerida desde 1983 pela “The Navigator Company”, parceira informal neste trabalho. Os resultados obtidos contribuem para a valorização dos Serviços prestados por estes ecossistemas ribeirinhos que a empresa gere no âmbito da sua estratégia de conservação da biodiversidade. Esta integração do Capital Natural nos processos de planeamento e execução das atividades é um pilar central do seu modelo de gestão florestal sustentável.