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Agrotec

Entrevista sobre o Projeto Tejo: «Este projeto garante o reequilíbrio do ecossistema circundante ao rio Tejo»

Há cerca de cinco anos surgiu a ideia do “Projeto Tejo”. O projeto pretende a construção de uma rede de canais e adutoras a começar na barragem de Castelo de Bode, que muitos benefícios a nível agrícola, e não só, trará às suas áreas circundantes. Este projeto pode mesmo ser a resolução do problema da falta de água que se sente no Tejo e na região Oeste, com tendência a agravar. Em entrevista à revista Agrotec, Manuel Holstein Campilho, Jorge de Avelar Froes e Miguel Holstein Campilho, falaram sobre o ponto da situação do projeto, as suas vantagens e o que é necessário para este avançar.

AGROTEC: O que motivou o surgimento do Projeto Tejo?

PROJETO TEJO: Antecipámos o que já se está atualmente a passar climaticamente e percebemos que algo tinha de ser feito pelo rio Tejo. Ver o maior rio português abandonado e sem qualquer tipo estratégia para a sua recuperação, levou-nos a olhar “de cima” e pensar num plano global do seu uso futuro. Pensamos, entretanto, que temos obrigatoriamente de preservar as águas subterrâneas, numa visão estratégica regional.

AG: Qual foi a data de início e qual a data de conclusão prevista?

PT: Começámos a pensar o tema em 2018. A data de conclusão não depende de nós, mas apontamos para um período de implantação de 30 a 40 anos, tal como aconteceu com o Alqueva. Temos de seguir o exemplo dos nossos amigos espanhóis que, mudam-se os governos, mas os planos nacionais permanecem.

AG: Passados alguns anos do seu início, qual o ponto da situação atual do projeto?

PT: Estamos no início duma maratona. Todos aqueles que se interessam pelo tema já o conhecem, fruto dos muitos contactos, entrevistas e reuniões realizados com inúmeras entidades, nomeadamente Presidência da Républica, Governo, Assembleia, Partidos e Organizações Empresariais e Agrícolas. Estamos, agora, à espera do Estudo Técnico, Económico e Ambiental encomendado pelo Ministério da Agricultura sobre o tema, para que o mesmo possa ser enquadrado nos normais planos de desenvolvimento do país.

AG: Quantas fases tem este projeto? O que implica cada uma destas fases? Qual a quantidade de água gerada em cada uma?

PT: O Projeto Tejo é “modelar”, podendo avançar em várias frentes, e nas várias valências (regadio, navegabilidade, controle da intrusão salina, produção hidroelétrica, turismo, entre outros) consoante as verbas que forem sendo disponibilizadas. Uma das características do plano é que não implica a construção de nenhuma grande barragem, pois as existentes, nomeadamente no rio Zêzere, cujas concessões à EDP começaram agora a terminar, são suficientes, apontando-se, isso sim, para a sua correta gestão numa lógica de fins múltiplos.

AG: Como se vai fazer a gestão dessa água?

PT: A gestão da água será feita de modo integrado, numa lógica de fins múltiplos, quer na ótica dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, quer na dos consumos urbanos, industriais, agrícolas e ambientais. O mote é “gestão integrada de origens e fins múltiplos de longo prazo”. Note-se que não há, nem haverá, escassez de água no Tejo, mas sim um grande défice de gestão dos recursos disponíveis. Atualmente, as disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas médias rondam os 16.000 milhões m3/ano, enquanto os consumos (agrícolas, urbanos e industriais) se ficam pelos 1.100 milhões m3/ano, 7% das disponibilidades (Plano Nacional da Água 2015, da Agência Portuguesa do Ambiente). De futuro, em 2070, e tendo em conta as Alterações Climáticas ter-se-á, para o pior cenário, RCP8.5, disponibilidades da ordem dos 12.550 milhões m3/ano e consumos, considerando já o Projeto Tejo, de 1.500 milhões m3/ano, 12% das disponibilidades.

Entrevista publicada na edição n.º 47 da Revista AGROTEC.

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