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Agrotec

Adaptação da stevia em modo de produção biológica em Ponte de Lima

O atual interesse da cultura da stevia baseia-se num mercado emergente de produtos adoçantes relacionado com o número crescente de diabéticos e obesos por todo mundo.

Stevia

Em 2008, o Comité Misto de Peritos em Aditivos Alimentares (FAO/OMS) estabeleceu que os glicosídeos de esteviol são seguros para o consumo humano. A produção biológica assume um interesse crescente da necessidade de uma alimentação com menores impactos ambientais, livre de produtos químicos de síntese e de transgénicos.

Aliando estes dois fatores ao facto de haver em Portugal a pertinência da criação de empresas geradoras de postos de trabalho e não havendo a tradição do cultivo de stevia, que é uma planta subtropical, torna-se necessário estudar o potencial de adaptação desta planta, visando a sua produção para o mercado nacional e internacional.

O presente trabalho teve como principal objetivo o estudo da adaptação da produção biológica de stevia, no concelho de Ponte de Lima e, de modo mais geral, às condições edafo-climáticas da região Noroeste de Portugal. A cultura de Stevia rebaudiana Bertoni, cultivar Criolla, foi instalada na empresa Biodiversus em estufa e ao ar livre, em solos argilosos de textura medianamente pesada. Avaliou-se também o comportamento das plantas sujeitas a três colheitas para consumo em fresco (F) e a uma única colheita destinada à secagem das folhas (S).

O desenho experimental utilizado foi o de split-plot com 4 tratamentos e 3 repetições. Os grandes talhões incluíram os seguintes 4 tratamentos: 2 sistemas de produção (E: estufa e A: ar livre) e 2 tipos de colheita (F e S). Os pequenos talhões corresponderam a 2 tipos de fertilização (f1: fertilização orgânica de fundo e f2: fertilização de fundo e de cobertura 97 dias após a plantação, DAP). O número de hastes por planta, o peso fresco e seco das hastes cortadas foram avaliados 44, 92, 112 e 127 DAP nas plantas destinadas a colheitas para consumo em fresco e 44 e 127 DAP nas plantas destinadas a secagem.

Determinou-se ainda a matéria seca. A altura das plantas de stevia, que na plantação era de aproximadamente 10 cm, foi monitorizada nas mesmas datas e ainda 71 DAP. Os efeitos da fertilização não causaram diferenças significativas entre os tratamentos, em nenhum dos parâmetros analisados no âmbito do crescimento das plantas (44 a 127 DAP), o que se poderá explicar pela aplicação tardia da fertilização de cobertura 97 DAP. A altura média do conjunto das plantas na estufa (52,1 cm planta-1) foi superior à altura média do conjunto das plantas produzidas ao ar livre (47,4 cm planta-1) o que se poderá explicar pelo maior valor da temperatura do ar dentro da estufa.

Este efeito poderá também estar relacionado com o maior número de hastes nas plantas ao ar livre em 44 DAP (8,6 hastes planta-1), em comparação com as plantas produzidas em estufa (5,8 hastes planta-1). No entanto, o número médio de hastes por planta foi idêntico para todos tratamentos das plantas produzidas em estufa e ao ar livre (média 7,3 hastes planta-1).

Apesar da altura média das plantas produzidas na estufa ter sido superior à das plantas produzidas ao ar livre, não foi significativa a diferença entre o peso médio fresco (776,1 g planta-1) e seco das plantas na estufa e o peso fresco (597,0 g planta-1) e seco das plantas produzidas ao ar livre. As plantas para consumo em fresco também apresentaram uma altura média superior em comparação com as plantas destinadas à secagem, mas o peso fresco e seco total médio foi idêntico.

A matéria seca média das hastes cortadas foi significativamente superior nas plantas produzidas ao ar livre (20,5%) em comparação com as plantas produzidas na estufa (18,8%), mas o teor médio em ácido ascórbico foi idêntico (em média 9,2 mg g-1 MS). Para o tipo de colheita a matéria seca média das folhas das plantas para consumo em fresco (20,2%) foi superior e o teor médio de ácido ascórbico foi inferior (8,5 mg g-1 MS), em comparação com as plantas para secagem (19,1% e10,0 mg g-1 MS).

Consulte a dissertação completa.

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