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Agrotec

A asneira do oito

Por: George Stilwell

Médico-veterinário

Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa

Está quase a fazer 100 anos que Alexander Fleming nos apresentou o primeiro antibiótico, a penicilina. Esta substância, e todas as outras parentes que lhe seguiram, proporcionaram imenso bem-estar ao curar rapidamente as doenças causadas por bactérias além de salvar inúmeras vidas, tanto humanas como animais. Ao longo deste século a medicina, humana e veterinária, aprendeu a usar e a abusar dos animicrobianos1. Mas afinal, o que no princípio era anunciado como a machadada final sobre todas doenças bacteriana, veio a revelar-se mais frágil do que se supunha porque os microorganismos ainda tinham uma palavra a dizer. A essa resposta das bactérias chamamos “resistência aos antimicrobianos” e, nesta altura, preocupa-nos seriamente.

As infecções graves por bactérias resistentes às nossas armas aumentam anualmente, calculando-se que a partir de 2050 mais de 10 milhões de pessoas venham a morrer, anualmente, por essas doenças causadas por agentes multirresistentes. Se bem que a medicina humana também tenha culpas no cartório, vamos aqui concentrar-nos no uso de antimicrobianos na medicina veterinária e, principalmente, na produção animal. Durante mais de 70 anos, os antimicrobianos ajudaram a debelar doenças em animais, mas, infelizmente, também foram usados para disfarçar más práticas. Condições de stress, desconforto, sobredensidade, fraca higiene, lacunas na biossegurança e outras situações, abriam brechas no sistema imunitário que eram preenchidas pelos antimicrobianos. Salvaguardou-se, assim, a saúde, o bem-estar e a sobrevivência e dos animais de produção ao mesmo tempo que se promoveu o seu crescimento.

Só que as resistências resultantes do mal-uso dado aos antimicrobianos começou a assustar a ciência e a sociedade. Se bem que a sua utilização tenha garantido, durante décadas, animais mais saudáveis e alimentos mais seguros, o risco e o medo das resistências obrigaram a alterações profundas no sentido de assegurar um uso mais racional e mais prudente destas moléculas tão importantes. Incluindo proibições do uso de certas moléculas na medicina-veterinária, garantindo a exclusividade para as doenças humanas.

1 Um antimicrobiano é uma substância com propriedades para inibir o desenvolvimento ou matar bactérias e outros microorganismos. Como nem todos os antimicrobianos são antibióticos, iremos usar neste artigo aquela designação por ser mais abrangente.

Continue a ler este artigo publicado na edição n.º 49 da Revista AGROTEC.

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