Revestimentos e Filmes Biodegradáveis: uma aposta promissora na preservação de frutos e legumes na pós-colheita
Texto por: Alexandre M.S. Jorge, Marisa C. Gaspar, Mara E.M. Braga
Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), Departamento de Engenharia Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra
RESUMO
O desperdício alimentar é um dos graves problemas mundiais, com cerca de um terço de todos os alimentos produzidos globalmente a ser subaproveitado. Estima-se que cerca de 14% dos alimentos produzidos são desperdiçados apenas no processo de pós-colheita devido à perecibilidade dos alimentos e pelo armazenamento e transportes inadequados. Para a proteção de produtos hortícolas têm sido utilizados polímeros não-biodegradáveis e pouco sustentáveis, o que tem levado a um crescente problema de poluição pelo consumo excessivo de plásticos.
O uso de filmes e revestimentos alimentares biodegradáveis permitiria controlar o impacto ambiental e a contaminação física, química e biológica dos alimentos, mantendo a sua qualidade por mais tempo e reduzindo o desperdício alimentar. Ao serem produzidos de forma sustentável e ecológica, tornam-se numa alternativa promissora para a redução do desperdício alimentar e da poluição a nível global.
PROCESSO DA PÓS-COLHEITA
De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), um terço de todos os alimentos produzidos globalmente é desperdiçado (dados de 2011). Com base nesse facto, as Nações Unidas propuseram que, através dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), este desperdício seja reduzido a metade até 2030. Para tal, é necessário atuar sobre as perdas registadas em todos os níveis da cadeia de abastecimento dos alimentos, incluindo na pós-colheita. Estima-se que 14% dos alimentos produzidos são desperdiçados no seu processamento pós-colheita, considerando exclusivamente a fase entre a colheita e o retalho e gerando uma perda económica global de, pelo menos, 400 mil milhões de dólares americanos (valores de 2016) (FAO, 2019).
De uma forma geral, o processo de pós-colheita inclui receção dos alimentos na instalação de embalagem, seleção e classificação, lavagem e secagem, remoção de partes não-comestíveis, corte, tratamento sanitário, aplicação de revestimento (o mais comum é a cera), embalagem e paletização, refrigeração, distribuição e consumo (Figura 1) (Assis, 2004; Kluge et al., 2016). No entanto, outras etapas podem ser adicionadas ou suprimidas deste processo, dependendo das necessidades do produto a comercializar (Yaptenco & Esguerra, 2012).
Nota de Redação:
Artigo publicado na edição n.º 45 da Revista AGROTEC, no âmbito do dossier "Pós-Colheita".
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