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Agrotec

Porque vale a pena o azeite de variedades portuguesas?

Com o crescimento esperado, nos próximos dez anos, Portugal será a maior referência na olivicultura moderna e eficiente do mundo, e possivelmente o sétimo maior em superfície, e o terceiro maior na produção mundial de azeite.

Azeite

Por: Graça Pacheco Carvalho e Elsa Lopes

A nível mundial, a produção de azeite nos últimos 60 anos triplicou atingindo 3 379 000 toneladas na colheita 2017/2018. A estimativa de produção para a colheita de 2019/2020 coloca a produção em 3 144 000 toneladas, menos 2,3% (COI, 2020). Para a União Europeia (UE), o azeite representa um produto muito importante no panorama económico, uma vez que é neste espaço que se situam os países que mais produzem a nível mundial. O maior produtor europeu de azeite é Espanha, seguida de Itália e Grécia, e, em quarto lugar, Portugal. Nestes países encontram-se não só as árvores mais antigas, mas também as áreas mais extensas (Borges, 2018).

A evolução do mercado do azeite em Portugal, nas últimas décadas caracterizou-se, no essencial, por uma duplicação da produção em consequência dos significativos ganhos de produtividade alcançados com a instalação dos novos olivais de regadio na região do Alentejo (Gabinete de Planeamento e Políticas, s.d.). 

A 26 de novembro de 2019, dia proposto pela Unesco para assinalar o “Dia mundial da oliveira”, realizou-se a VI Edição das Jornadas da OLIVUM, onde se apresentou o estudo “Alentejo: a liderar a Olivicultura Moderna Internacional”, concluindo-se que “Com o crescimento esperado, nos próximos dez anos, Portugal será a maior referência na olivicultura moderna e eficiente do mundo, e possivelmente o sétimo maior em superfície, e o terceiro maior na produção mundial de azeite”. O estudo frisa ainda que o Alentejo está no “centro das atenções do mundo agrícola” e que “liderou a atual transformação da olivicultura internacional”, tornando-se “a referência mundial no processo de modernização e de inovação da olivicultura” (OLIVUM, s.d.).

A fileira oleícola é uma fileira estratégica na política agrícola e na economia portuguesa. O crescimento do setor oleícola português, o reforço da profissionalização dos operadores e o investimento privado realizado, levam a que seja indispensável ter informação que reflita, com fiabilidade e em tempo útil, a realidade do setor e dos seus agentes económicos (Gabinete de Planeamento e Políticas, s.d.). O comportamento tecnológico e as características dos azeites obtidos das variedades tradicionais portuguesas devem ser conhecidos e promovidos no atual panorama nacional de crescimento do consumo, da produção e da exportação de azeite.

A indescutível vantagem de consumir azeite virgem extra (EVOO) 

Numerosos estudos têm sido levados a cabo no sentido de evidenciar os inúmeros benefícios do consumo de gorduras com baixo nível de ácidos gordos saturados, como o azeite. O azeite virgem é o óleo obtido do fruto da oliveira (Olea europaea L.) unicamente por meios mecânicos ou outros meios físicos, sob condições, particularmente térmicas, que não levam a alterações no óleo e que não foram submetidos a nenhum tratamento a não ser lavagem, decantação, centrifugação e filtração (COI, 2020).

Esta forma de extração, sem recurso a qualquer substância externa e em que se trata apenas de “espremer azeitonas”, permite a obtenção de um produto natural e genuíno, pois estamos perante um processo de transformação totalmente físico e simples.

A dieta mediterrânica foi classificada, para Portugal, como património mundial e imaterial da humanidade pela UNESCO desde 2013. Entre as suas principais características destacam-se o consumo abundante de produtos frescos, de alimentos de origem vegetal e de pescado, sendo o azeite considerado como um elemento central na confeção e tempero dos alimentos (UNESCO, 2017).

Foscolou et al. (2018) corroboram, após estudo de diferentes evidências científicas, a afirmação de que o consumo de azeite é benéfico para a saúde humana e particularmente para a prevenção de doenças cardiovasculares, cancro de mama e diabetes mellitus tipo 2.

O estudo do impacto do consumo de azeite nos níveis de glicose, triglicéridos e LDL-colesterol é mediado por uma adesão à dieta mediterrânea, com um efeito notável dos polifenóis do azeite verificando-se o aumento do HDL-colesterol, a melhoria do colesterol e do estado antioxidante e inflamatório dos pacientes.

Em todos os parâmetros examinados, o efeito benéfico do azeite foi mais pronunciado em indivíduos com problemas metabólicos ou outros problemas/doenças crónicas (Tsartsou, Proutsos, Castanas e Kampa, 2019). O consumo exclusivo de azeite, em especial, por pessoas com idades superiores a 50 anos, foi alvo de estudo, verificando-se um efeito benéfico na sua saúde e formas de envelhecimento.

Este mesmo estudo conclui que as estratégias primárias de prevenção à saúde pública devem procurar incentivar a adoção de práticas alimentares saudáveis, olivicultura a fim de promover um envelhecimento saudável bem como um aumento da longevidade (Foscolou et al., 2019).

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 34

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