Opinião: Valorizar o que é Português
Artigo de opinião por Sandra Pereira
Sandra Pereira é Secretária Geral da Porbatata - Associação da Batata de Portugal
Se de alguns anos para cá, os anos agrícolas têm sido cada vez mais atípicos, sendo difícil de determinar o que é um ano normal para o sector produtivo, muito por conta das alterações climáticas que alternam períodos de chuva intensa com períodos de seca e com outras intempéries, pelas questões sanitárias com o surgimento de novas pragas e a diminuição das alternativas de combate, pelo aumento do custo dos factores de produção e instabilidade dos mercados e a consequente perda de competitividade, esta pandemia é uma variável totalmente nova, na longa cadeia de factores que de alguma forma atingem e condicionam o sector, que poderá trazer consequências económicas devastadoras.
O sector da produção e distribuição de alimentos não pode parar, pois dele depende a alimentação de todos e a batata por cá é um dos ingredientes principais de numerosos pratos tipicamente portugueses. Talvez por isso, quando esta crise teve início e se previa o isolamento social, se tenha verificado um aumento da procura de batata nas grandes superfícies, situação que os nossos associados da distribuição e embalamento conseguiram responder com eficiência e prontidão. Entretanto, a situação já normalizou.
As colheitas de batata nova estão no inicio, a mão de obra poderá ser uma dificuldade nas zonas mais tradicionais onde a colheita ainda é manual. No entanto, a principal preocupação será sempre escoar a produção, pois muitos dos mercados regionais, restaurantes e cantinas que absorviam a produção fresca local e os produtos da industria de IV gama, encerraram ou diminuíram a sua actividade, ou seja, os canais de escoamento e distribuição foram alterados, o que deixa muitos dos produtores apreensivos quanto à dificuldade de escoar a sua produção de batata, nesta campanha que se prevê difícil.
Se há alguma mensagem a transmitir nesta altura de crise é só uma: Valorizar o que é Português. Produtos e empresas. Esta será a única forma de dinamizar a economia, criar riqueza e manter postos de trabalho. Escolher batata portuguesa quando a temos disponível, optar por produtos locais e com baixa pegada de carbono.