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Agrotec

O futuro da canábis em Portugal

Nos últimos anos, tornou-se do conhecimento público que a canábis impulsiona o tratamento de diversas doenças. Em fevereiro de 2019, a lei da canábis medicinal entrou em vigor no território nacional. A Portucana é uma das empresas que pode, agora finalmente, passar ao cultivo da espécie.

Cannabis

Texto: Sofia Cardoso Fotos: Portucana

Para além do cultivo, a Portucana tem como objetivo introduzir medicamentos e preparações à base de Cannabis sativa L. no mercado. De momento, o projeto ainda está a ser preparado, encontrando-se no ano zero, o ano de licenciamento e certificações. Atualmente estão a ser preparadas as certificações necessárias à produção e os espaços indoor e outdoor.

Em 2020, a empresa dá início ao ano um, focado no cultivo e na extração, e que começa no segundo trimestre. De 2021 em diante, a expansão é o objetivo.

David Ferreira, fundador da Portucana, afirma que a mesma «surgiu de uma necessidade de oferecer a inúmeros pacientes em Portugal soluções de canábis medicinal».

Se no começo a instalação seria no Fundão, David apresenta agora algumas questões. «Ainda estamos em dúvida entre o Fundão e o concelho de Belmonte. O Fundão tem um clima estável durante os meses de verão, mas a razão principal foi por causa dos apoios do município. Se formos fazer o cultivo em Belmonte, será pelo custo do metro quadrado. De qualquer forma, visto que vamos fazer o cultivo indoor, o clima será definido em cada sala de cultivo».

Um dos maiores problemas para o projeto arrancar relaciona-se com a burocracia do sistema português e do conjunto europeu. O fundador explica que é necessário um licenciamento, por parte do Inframed, «em que regras da Agência Europeia do Medicamento devem ser aplicadas. Além disso, aplicam-se regras de cada país de destino. A título de exemplo, as regras para Portugal ou para a Itália são diferentes, mas todas são baseadas nas Boas Práticas de Fabrico (EU-GMP)».

Sobre a plantação que será instalada, está a ser preparada uma inovadora produção em estufas «bem como a criação de um centro de investigação e desenvolvimento de medicamentos à base da planta». É estimado que serão plantadas 32 plantas pormétodo quadrado, numa exploração de 3000 metros quadrados.

A Portucana trabalha «maioritariamente com Cannabis sativa L., e com espécies indica. A diferença entre as espécies que cultivamos são os diferentes níveis de canabinóides e os peris de terpenos». Em relação ao método de cultivo, David conta-nos que «depende dos agricultores. Há métodos que nos permitem colheita 1 vez por ano, mas há outros que permitem acada 10-12 semanas. Nós optamos pelo método que fazemosa colheita a cada 10-12 semanas, uma vez que temos menos riscos, maior produção e com maior qualidade».

A planta não necessita de muitos cuidados específicos e cresce na natureza como outras ervas ou arbustos. «Contudo, para ter um produto de qualidade e consistente, tal requer atenção especial, nomeadamente ao nível de temperatura, humidade, horas de luz, entre outros. A poda é importante nos vários ciclos para a energia da planta fluir para as flores».

«Fazemos a colheita da planta, passamos à secagem, corte das flores e embalamentos. Neste processo temos de aplicar o GMP – Boas Práticas de Fabrico – onde existe uma grande exigência de registos de todas as operações e regras muito estritas de higiene e segurança de grau farmacêutico».

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 33

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