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Agrotec

O efeito do biofertilizante Ferttybyo: aplicação durante dois anos na cultura do olival

A agricultura é uma das atividades humanas que mais contribui para o aumento de poluentes químicos no solo, devido ao uso excessivo de fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos. As culturas, no entanto, precisam de ser tratadas de forma a obter resistência a doenças, tolerância a sais, secas e metais pesados e bons valores nutricionais. Para isso, uma boa estratégia a seguir, é a utilização de microrganismos do solo que aumentem a absorção de nutrientes e a eficiência no uso da água.

A aplicação de produtos formulados com microrganismos benéficos facilita a libertação de nutrientes já presentes no solo, disponibilizando-os para a planta. A sua aplicação contínua ao solo conduz a um aumento no desenvolvimento vegetativo da planta, favorecendo interações benéficas no ambiente rizosférico e no desenvolvimento radicular das culturas.

Um outro ponto importante na nutrição sustentável dos solos prende-se com a necessidade de melhorar os teores de matéria orgânica destes e as condições para que os microrganismos benéficos se possam desenvolver o que, consequentemente promoverá um aumento da disponibilidade de nutrientes e o aumento da fertilidade do solo.

Por outro lado, e para além das preocupações ambientais e de sustentabilidade, o crescimento do valor dos fertilizantes químicos, nos últimos tempos, tornam os biofertilizantes uma opção bastante interessante em termos económicos, visto poderem ser mais económicos, com a obtenção de resultados muito interessantes.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os produtos Ferttybyo e Orgaplant Organic, usados em conjunto, foram aplicados na campanha de 2021 e na campanha de 2022, para avaliar o seu efeito no olival. Os resultados foram comparados com uma parcela, na qual não foram aplicados os produtos de ensaio. Para além disto, na parcela tratada com Ferttybyo e Orgaplant Organic foi ainda realizada uma redução na fertilização azotada, em cerca de 40 unidade de azoto, o que equivale a uma redução de cerca de 30% deste nutriente, no ano de 2021. No ano de 2022 foi realizada, na mesma parcela uma redução de 30 unidades de azoto, equivalendo a 20% da adubação realizada deste nutriente. Adicionalmente, no ano de 2022, foi igualmente realizada, na parcela tratada, uma redução de seis unidades de fósforo e de 10 unidades de potássio.

O ensaio experimental foi realizado na variedade Arbequina, num olival em sebe, no seu quarto ano de colheita. Cada parcela de ensaio tem sete hectares. Este ensaio foi conduzido em São João de Negrilhos, Aljustrel, Beja (Portugal). Nestes dois anos de ensaio foram realizados dois tratamentos, o primeiro no dia 28 de maio de 2021 e o segundo no dia 23 de maio de 2022 e foram realizadas várias análises às parcelas do ensaio. No ensaio foram avaliados os diferentes macronutrientes e micronutrientes, presentes nas folhas das árvores da parcela tratada e da parcela testemunha, através de análises foliares realizadas com uma cadência bimestral (28 de maio, 28 de julho, 28 de setembro, 26 de maio, 5 de agosto e 31 de outubro). Para além disto, foram também avaliados alguns parâmetros qualitativos da azeitona, como o teor em gordura das azeitonas e a proporção de gordura na matéria seca (20 de outubro e 28 de outubro). A produção por hectare, na parcela tratada, bem como na parcela testemunha, foram também calculadas com base nos dados fornecidos pelo produtor.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Através de análises químicas a material vegetal, neste caso a folhas, foi avaliada a evolução dos diferentes macronutrientes e micronutrientes presentes nas árvores da parcela tratada e da parcela testemunha. Assim, com este estudo verificou-se um aumento ou, uma resposta positiva, dos diferentes nutrientes na parcela tratada em relação à parcela testemunha, especificamente no caso do azoto (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), ferro (Fe) e manganês (Mn).

Este efeito foi bastante visível no azoto, que embora no início do ensaio fosse menor na parcela tratada e tendo sido realizada uma redução de 30% em 2021 e de 20% em 2022, relativamente à testemunha, apresentou um valor mais elevado do que a parcela testemunha, na qual não foram realizadas reduções de fertilização. Assim, conclui-se que a aplicação destes produtos supriu, por completo, as necessidades da redução de adubação realizada na parcela tratada.

De igual forma, os níveis dos nutrientes fósforo e potássio também foram superiores na parcela tratada, apesar da redução de unidades de fertilização efetuada, em 2022, nestes nutrientes, nesta parcela.

É possível verificar que a aplicação de um produto como o Ferttybyo em mistura com o Orgaplant Organic permitiu que os restantes nutrientes fossem desbloqueados, sendo notória a sua subida e presença nas análises foliares da parcela tratada, comparativamente à testemunha.

No que se refere à produção também se verificou um aumento na parcela tratada com os dois produtos de ensaio comparativamente à testemunha. Este aumento foi superior a 2 400 Kg de azeitona por hectare. Desta forma, verifica-se no parâmetro produção um aumento cumulativo, relativo ao primeiro ano de ensaio, em que a diferença de produção entre as duas parcelas foi de apenas 500 Kg de azeitona por hectare. De igual forma, nos parâmetros qualitativos foi possível verificar que a parcela tratada demonstrou melhores resultados, uma vez que, no final do ensaio os teores de gordura foram superiores em 4,2%, em relação à parcela testemunha. Este resultado pode dever-se ao facto de também existirem melhores níveis de enxofre na parcela tratada.

O uso de um fertilizante microbiológico, aumentou o rendimento financeiro da cultura, com a vantagem adicional de ser ambientalmente inócuo. Desta forma, verificou-se uma considerável economia de fertilizantes, principalmente num ano em que os preços destes fatores de produção subiram substancialmente. A aplicação destes produtos conduziu ao aumento da produtividade e também ao significativo incremento do teor em gordura, o que se traduziu, duplamente num aumento do rendimento por hectare e, consequentemente, num acréscimo muito significativo da receita. Assim sendo, estes produtos permitem a apresentação de uma excelente solução, sustentável em termos ambientais e económicos, para um plano de fertilidade do solo sem recurso exclusivo à fertilização química. 

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 45 da Revista AGROTEC.

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